Conheça pinturas ocultas encontradas na Casa de Cultura Mario Quintana durante restauração após enchente


Murais que decoravam teto do prédio, quando ainda funcionava como um hotel, estavam encobertos por tinta branca. Equipes seguem recuperando outros espaços do centro cultural. Pintura mural foi descoberta no teto de centro cultural de Porto Alegre
As obras de restauração da Casa de Cultura Mario Quintana, alagada pela enchente em maio de 2024 no Centro de Porto Alegre, surpreenderam a equipe: escondidas sob camadas de tinta branca, foram encontradas pinturas desconhecidas, retratando formas, flores e animais, na entrada da Ala Oeste do centro cultural.
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A água chegou a alcançar 1,5 metro no piso térreo e o local ficou cerca de quatro meses fechado. Por conta da inundação, a umidade causou estragos que atingiram o teto da Casa de Cultura.
Ao retirar as camadas antigas de tinta, a equipe encontrou uma obra de arte da época da construção do edifício, entre 1916 e 1933. O centro cultural antigamente era um hotel, e ganhou o nome do poeta alegretense, um dos ilustres moradores do local.
“Foi uma grande surpresa. Durante a limpeza da camada de tinta que estava contaminada com fungos, encontramos embaixo dos forros essas pinturas murais que faziam parte da decoração do hall de entrada da Ala Oeste do antigo Hotel Majestic” diz Eduardo Hahn, diretor de Memória e Patrimônio da Secretaria Estadual da Cultura.
Veja como Casa de Cultura Mário Quintana ficou antes e depois da enchente
Mural no teto da Casa de Cultura Mário Quintana foi descoberto após restauração
Divulgação/Secretaria da Cultura do RS
Muralismo
A pintura mural, também conhecida como muralismo, consiste em pintar paredes ou painéis e é um tipo de arte que se relaciona com a arquitetura do local, além de explorar o espaço e transmitir mensagens, explica Hahn.
As pinturas foram produzidas no período do ecletismo, um estilo que mistura elementos de diferentes períodos e estilos artísticos.
As obras foram encobertas por conta de uma mudança de estilo artístico: do ecletismo para o modernismo. Hahn explica que as pinturas murais não eram bem-vistas no modernismo.
“Esses prédios antigos podem ter várias camadas sobrepostas de pinturas monocromáticas sobre as pinturas decorativas. Provavelmente, ali na Casa de Cultura devem ter outras áreas com pintura mural que não descobrimos ainda” revela Hahn.
Um exemplo desse apagamento são as pinturas murais da Biblioteca Pública do Estado. Obras criadas pelo artista alemão Fernando Schlatter, na década de 1920, estavam cobertas por mais de cinco camadas de tinta há mais de 70 anos. Após anos de restauração, os murais foram totalmente recuperados em 2024.
Após a descoberta no CCMQ, a Sedac contratou a mesma empresa responsável pelo restauro das obras da Biblioteca para recuperar as pinturas murais. A empresa já iniciou o processo e deve concluir até o final de 2025.
O trabalho é minucioso e manual. Os restauradores precisam retirar com bisturi cirúrgico as camadas de tinta, que foram aplicadas sobre a camada original, além de recuperar os traços originais.
“Nós descobrimos novos detalhes a cada vez. Quando chegamos perto, conseguimos ver que a pintura tinha dourado que, com o passar dos anos, oxidou e se transformou em uma pintura marrom escura” diz o diretor.
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