Aranhas são sensíveis a ambientes barulhentos, diz estudo

A equipe se concentrou para a pesquisa na aranha-da-grama-da-Pensilvânia (Agelenopsis pennsylvanica)Reprodução

Conviver com o barulho das grandes cidades não é incômodo e estressante apenas para as pessoas; é também para as aranhas.

É o que revelou um estudo realizado na Universidade de Nebraska-Lincoln (EUA) que comparou aranhas de ambientes rurais e urbanos e descobriu que elas mudam a forma como constroem suas teias quando expostas a condições barulhentas. O artigo foi publicado este mês na revista científica Current Biology.

“Aranhas urbanas e rurais reagem de forma diferente quando colocadas em um ambiente barulhento”, diz Brandi Pessman, bióloga da Universidade de Nebraska-Lincoln e principal autora do estudo, em entrevista ao New York Times.

A equipe se concentrou para a pesquisa na aranha-da-grama-da-Pensilvânia (Agelenopsis pennsylvanica).

Trata-se de um aracnídeo do tamanho de uma moeda de 25 centavos que é encontrado na América do Norte. Também conhecidas como aranhas que tecem funis, essas criaturas constroem teias cônicas em forma de tubo e esperam até que uma presa desavisada entre no funil antes de se mover rapidamente para morder e imobilizar sua refeição.

Essa técnica, de acordo com a pesquisadora, depende da aranha ser capaz de detectar instantaneamente a vibração quando um inseto esbarra em sua teia. Qualquer ruído externo pode dificultar isso.

Brandi Pessman, bióloga da Universidade de Nebraska-Lincoln e principal autora do estudoReprodução

“Eles realmente dependem dessas vibrações precisas para determinar onde a presa está, o que a presa é e se devem atacar”, disse Pessman.

O experimento

Para o experimento, os pesquisadores coletaram aranhas de ambientes urbanos e rurais. No laboratório, elas foram colocadas em recipientes equipados com alto-falantes que tocavam sons altos ou baixos por quatro dias. No final do experimento, eles analisaram as teias aplicando vibrações e observando como a seda da aranha respondia.

Em condições barulhentas, as aranhas de áreas urbanas tinham teias tecidas que amorteciam as vibrações aplicadas, enquanto as aranhas rurais as amplificavam.

Essencialmente, as aranhas da cidade respondiam ao ruído por meio de isolamento acústico — suas teias aparentemente abafavam os sons do ambiente. Essas teias, no geral, enviavam menos vibrações para a aranha.

Embora essa adaptação também possa bloquear os sons de parceiros em potencial ou alguma presa, de acordo com o New York Times, também pode permitir que as aranhas da cidade captem presas próximas sem ficarem super estimuladas.

Crianças visitam a universidade e acompanham o experimentoReprodução

Enquanto isso, as aranhas rurais, que não estavam acostumadas ao barulho, reagiram tornando suas teias mais sensíveis para tentar detectar presas em meio ao ruído constante. Para as aranhas de fora da cidade, era como aumentar o volume para ouvir melhor o rádio enquanto ligavam um liquidificador.

Os pesquisadores ainda não têm certeza de como exatamente as aranhas fazem essas mudanças em suas teias e planejam explorar os mecanismos em estudos futuros, usando vídeos e software de rastreamento.

Esta não é a primeira vez que cientistas investigam como as aranhas respondem ao ruído ou testam a sensibilidade de suas teias a vibrações. Em 2017, um estudo descobriu que populações de aranhas e outros insetos caem ao redor de compressores de gás natural barulhentos.

 

 

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