Aprofundando tensões com a Venezuela, um cruzador de mísseis da Marinha dos EUA realizou exercícios com a Força de Defesa da Guiana

O cruzador de mísseis USS Normandy (CG-60) da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) realizou um exercício em águas internacionais com o navio-patrulha Shahoud da Força de Defesa da Guiana. A atividade ocorreu em um contexto de crescentes tensões entre a Guiana e a Venezuela devido à disputa pelo Essequibo, e se soma a recentes manobras realizadas no Caribe no início de março por navios das marinhas dos EUA, do Reino Unido e dos Países Baixos, que também operam na região.

Ao longo dos últimos meses, as fricções e tensões entre os governos da Venezuela e da Guiana se intensificaram. Como relatado pelo Escenario Mundial no início de março, coincidindo com os preparativos para o lançamento do foguete Ariane 6 da ESA, o governo da Guiana denunciou que um navio-patrulha oceânico da Armada Bolivariana da Venezuela invadiu sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE). A embarcação venezuelana teria se aproximado perigosamente de uma unidade flutuante de produção, armazenamento e descarregamento (FPSO) da ExxonMobil, gerando uma nova controvérsia na região.

Dias após esse incidente, o cruzador de mísseis guiados da classe Ticonderoga USS Normandy e o destróier da classe Arleigh Burke USS Thomas Hudner (DDG-116) participaram de um exercício combinado no Mar do Caribe junto com as marinhas do Reino Unido e dos Países Baixos. As manobras incluíram o desdobramento de cruzadores e destróieres de mísseis guiados, navios-patrulha oceânicos e aeronaves embarcadas das forças mencionadas. Nesse contexto, a Força Naval do Comando Sul dos Estados Unidos indicou que o exercício, denominado PASSEX, teve como objetivo fomentar o intercâmbio de informações e aprimorar a capacidade operacional conjunta na Área de Responsabilidade (AOR) do Comando Sul.

Curiosamente, o novo desdobramento do USS Normandy em conjunto com a Força de Defesa da Guiana reforça a postura de Washington na região e seu interesse na disputa territorial entre Georgetown e Caracas. Durante essa operação, ambas as forças navais buscaram aprimorar a comunicação e a interoperabilidade entre seu pessoal e seus meios, realizando atividades combinadas na Zona Econômica Exclusiva da Guiana.

Entre os exercícios, destacaram-se atividades do tipo PASSEX entre o cruzador e o navio-patrulha, incluindo treinamentos em comunicações e manobras para aumentar a interoperabilidade entre ambas as forças. Também se destacou o apoio aos elementos de aviação embarcada do USS Normandy, que contou com um helicóptero MH-60R Seahawk pertencente ao 50º Esquadrão de Ataque Marítimo.

Além disso, os exercícios ocorrem na véspera da visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, à Guiana, programada para quinta-feira. Espera-se que sua visita reafirme o compromisso dos Estados Unidos com a soberania e a segurança da Guiana, especialmente diante do aumento das tensões com a Venezuela. Vale lembrar que ambos os países mantêm uma disputa pela região do Essequibo, uma área rica em recursos, onde foram descobertas reservas de petróleo nos campos marítimos da Guiana.

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