Baunilha, a 2ª especiaria mais cara do mundo, ganha cultivo experimental no interior de SP


Considerada a segunda especiaria mais cara do mundo, a baunilha tem se adaptado às altas temperaturas e à umidade. Projeto é desenvolvido em São José do Rio Preto (SP) e Monte Aprazível (SP). Estudo revela que plantação de baunilha é adaptável ao clima da região de Rio Preto
Um estudo revela que a plantação de baunilha é adaptável ao clima da região noroeste de São Paulo. Considerada a segunda especiaria mais cara do mundo, a cultura tem se adaptado às altas temperaturas e à umidade. O projeto é desenvolvido em São José do Rio Preto (SP) e Monte Aprazível (SP).
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A pesquisa, que começou em 2019, é realizada por meio de dois métodos de cultivo: baunilha plantada com seringueira em sistema agroflorestal (SAF) e baunilha em cultivo protegido, ou seja, em um espaço 70% cobertos com tela de sombreamento, pois a plantação necessita de 50 a 70% de sombra.
O objetivo é proporcionar ao pequeno produtor mais uma alternativa de cultivo, podendo diversificar a área plantada. A iniciativa partiu de uma professora da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec) em São José do Rio Preto, junto à Escola Técnica Estadual (Etec) de Monte Aprazível.
Vitória Gottardi, docente de produção vegetal do curso de agronegócio da Fatec, explicou ao g1 que, em alguns momentos, eles utilizam o sistema de irrigação para proporcionar mais qualidade de vida à plantação.
“A baunilha é uma planta de clima tropical, quente e úmido. Em Rio Preto, por exemplo, temos um clima tropical e quente. Com relação à umidade, utilizamos irrigação durante o período de estiagem”, explica.
Plantação de baunilha em Neves Paulista (SP)
Reprodução
Entre os anos de 2023 e 2024, a polinização da baunilha foi feita de forma manual por conta da onda de calor que atingiu a região e outras localidades do país.
“Para poder desenvolver frutos, é necessária a polinização das flores. A abertura da flora ocorre em agosto e setembro e, conforme vai abrindo, ela precisa ser polinizada para formar frutos. Devido ao calor, nós tivemos baixa produção. Então, vamos ver daqui para a frente como ela se comporta”, explica a docente.
Plantação de baunilha em Neves Paulista (SP)
Arquivo pessoal
Vitoria esclarece que é justamente por conta da exposição excessiva ao sol que eles perceberam que a baunilha pode não se adaptar à seringueira.
O noroeste de SP é o maior produtor de látex do país, e foi pensando nisso que eles decidiram unir as duas culturas. No entanto, a falta de sombras em áreas com seringais tem feito com que a baunilha não se desenvolva da forma esperada.
“E, na seringueira, temos que ter um pouquinho de atenção para ver se realmente é viável ou não. Até então, a gente tem achado que não. A seringueira, aqui na nossa região, lá para junho, julho, agosto, ela perde as folhas, chama senescência. Esse período de perder as folhas é natural da planta e, depois, ela reinfolha. Então, até ela reinfolhar, estamos tendo ondas de calor. É quando prejudica as baunilhas, porque falta sombra”, conta.
Vitória Gottardi, docente de produção vegetal do curso de agronegócio da Fatec, em São José do Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
Atualmente, a área plantada com sombreamento está localizada na Etec de Monte Aprazível, onde é acompanhada não só pela supervisora do projeto, mas também por oito estudantes do curso de agropecuária.
Beatrice Ferrasales, de 16 anos, faz parte do trabalho e revela que nunca havia tido contato direto com a baunilha. Ela se surpreendeu ao ver o desenvolvimento da planta em espaço coberto.
“Muitas pessoas vão ao mercado e compram essência de baunilha sem saber qual é a procedência. Aqui, por meio desse experimento, podemos constatar que compramos algo muito distante da baunilha verdadeira”, comenta a estudante.
Beatrice Ferrasales, de 16 anos, estudante de agropecuária em Monte Aprazível (SP)
Arquivo pessoal
A baunilha é uma orquídea, a única com valor comercial, além do ornamental. Usa-se o fruto na culinária, além do extrato, que é utilizado pelas indústrias alimentícia, cosmética e farmacêutica. Em relação ao valor comercial, ela perde apenas para o açafrão.
No Brasil, são raras as produções: somente pequenos produtores na região nordestina, com áreas de pouca representatividade.
Um pé de baunilha produz em torno de 0,5 a 1 kg de fava verde por ano, resultando em cerca de 100 g de fava curada. Cada fava é vendida no mercado brasileiro por aproximadamente R$ 40, tornando a produção rentável, até mesmo em áreas menores.
“Devido ao fato da produção da baunilha no Brasil ser muito reduzida, a necessidade do país pelo produto natural é suprida pela importação. Acredito que, com essa pesquisa, seria interessante trazer o hábito de cultivar a orquídea na nossa região para fins educacionais e comerciais”, finaliza Beatrice.
Estudantes da Etec de Monte Aprazível (SP) em plantação de baunilha
Arquivo pessoal
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