Prisão de vice-presidente deixa Sudão do Sul à beira de uma guerra, diz ONU

(Arquivo) O vice-presidente do Sudão do Sul Riek Machar (E) e o presidente Salva Kiir (D) participam de uma missa com o papa Francisco em Juba, em 5 de fevereiro de 2023SIMON MAINA

SIMON MAINA

O primeiro vice-presidente do Sudão do Sul, Riek Machar, rival do presidente Salva Kiir, foi detido nesta quarta-feira (26), em uma ação que, segundo a ONU, deixa o país africano à beira de um conflito.

Um comboio formado por 20 veículos fortemente armados entrou na residência de Machar na capital Juba para detê-lo, segundo um comunicado emitido por um membro de seu partido, em uma escalada dramática do conflito que eclodiu nas últimas semanas no país mais jovem do mundo.

O acordo de divisão do poder entre os rivais Kiir e Machar foi desfeito gradualmente, com a ameaça de um retorno à guerra civil que deixou cerca de 400 mil mortos entre 2013 e 2018.

“Condenamos fortemente as ações inconstitucionais tomadas hoje pelo ministro da Defesa e o chefe de Segurança Nacional que, junto com mais de 20 veículos fortemente armados, entraram à força na residência do primeiro vice-presidente”, diz o comunicado.

“Seus seguranças foram desarmados e lhe foi apresentado um mandado de prisão com acusações pouco claras”, acrescenta o texto.

A Missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS) disse nesta quinta-feira (27, data local) que a prisão de Machar deixa o país à beira do abismo.

O titular da UNMISS, Nicholas Haysom, indicou em uma nota que “os dirigentes do país estão prestes a recair em um conflito generalizado”.

O rompimento do acordo de paz de 2018 “não apenas devastará o Sudão do Sul, mas também vai afetar toda a região”, acrescentou.

O Sudão do Sul, que declarou sua independência em 2011, continua assolado pela pobreza e a insegurança desde o acordo de paz.

Analistas assinalaram que Kiir, de 73 anos, buscou garantir sua sucessão e marginalizou Machar politicamente ao longo de várias reformas de gabinete.

Mais de 20 aliados políticos e militares de Machar no governo de unidade e no Exército foram detidos desde fevereiro.

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