Comandantes militares debatem no Reino Unido como manter paz na Ucrânia em caso de trégua

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, concede coletiva de imprensa após reunião virtual com cerca de 30 dirigentes sobre o apoio à Ucrânia, em 15 de março de 2025, em LondresLEON NEAL

Leon Neal

Chefes do Estado-Maior de cerca de 30 países se reúnem no Reino Unido, nesta quinta-feira (20), para falar sobre como manter a paz na Ucrânia caso seja pactuada uma trégua com a Rússia.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que organizou esta cúpula militar, está trabalhando com o presidente francês, Emmanuel Macron, para construir uma “coalizão de países voluntários” e assegurou, nesta quinta, que qualquer acordo de paz deve ser “defendido” frente à Rússia.

“Se há um acordo, é preciso defendê-lo porque no ano passado houve acordos que não incluíam cláusulas de segurança e [Vladimir] Putin não os levou em conta”, disse Starmer à Sky News, em alusão ao presidente russo.

A questão ucraniana e a defesa europeia frente à ameaça russa também estarão na agenda da cúpula da UE desta quinta em Bruxelas, a terceira de chefes de Estado em seis semanas.

Ao mesmo tempo, o Kremlin denunciou “planos de militarizar a Europa”, através de seu porta-voz, Dmitri Peskov.

Os diálogos em Londres coincidem com novos ataques mútuos com drones e a visita do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, a Oslo.

Em caso de trégua, Starmer e Macron têm um plano para enviar tropas à Ucrânia no âmbito de uma força de paz.

Segundo o governo britânico, um “número significativo” de países estão dispostos a fazer o mesmo, sem dar números concretos.

Putin condiciona qualquer trégua ao fim da ajuda militar à Ucrânia e também rejeita a presença de tropas estrangeiras no país como parte de um acordo.

Starmer e Macron tentam formar esta coalizão desde que o presidente americano, Donald Trump, iniciou conversas com a Rússia no mês passado, sem integrar seus parceiros europeus, em uma tentativa de pôr fim a três anos de guerra.

Ambos querem estabelecer garantias de segurança com apoio americano que dissuadam Putin de violar qualquer trégua.

– Putin pede fim do “rearmamento” –

Durante um telefonema com seu contraparte americano, na última terça-feira, o presidente russo concordou em suspender os ataques às infraestruturas energéticas na Ucrânia por 30 dias, mas não se comprometeu com um cessar-fogo completo.

Putin exigiu o fim do “rearmamento” da Ucrânia e a suspensão da ajuda ocidental ao governo de Zelensky.

Depois, Trump falou com Zelensky por telefone na quarta-feira e propôs que os Estados Unidos assumam o controle das centrais elétricas nucleares na Ucrânia, afirmando que seria a “melhor proteção e apoio possível”, ao que a Ucrânia se opõe.

Os Estados Unidos parecem ter baixado o tom em comparação com a hostilidade com que recentemente o presidente ucraniano foi recebido por Trump.

O presidente americano manteve uma conversa “fantástica” por telefone com seu contraparte ucraniano, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.

Zelensky, por sua vez, falou no X de um intercâmbio “positivo, substancial e franco”, assegurando que não tinha sofrido “nenhuma pressão” por parte de Trump para lhe tirar concessões.

O presidente ucraniano pediu à UE, nesta quinta, que mantenha vigentes suas sanções até que a Rússia se retire do território ucraniano.

“As sanções devem permanecer até que a Rússia comece a se retirar da nossa terra e compense o dano causado por sua agressão”, disse aos dirigentes europeus por videoconferência.

No terreno, a Rússia anunciou, também nesta quinta, que derrubou 132 drones ucranianos sobre seu território durante a noite, em um ataque que feriu duas pessoas e causou um incêndio em uma base aérea militar.

A Ucrânia, por sua vez, informou que a Rússia disparou 171 drones durante a madrugada de quarta para quinta-feira e acrescentou ter derrubado 75 deles, enquanto os demais não causaram danos.

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