Aprenda todos os dias. Por Ana Dalsasso

Como professora, percorri toda minha trajetória profissional (quarenta e nove anos) da educação infantil ao ensino superior. Grande parte em sala de aula, e outros tantos anos na gestão, tanto de ensino básico quanto superior, o que me rendeu uma vasta experiência, e me permite afirmar:  mais aprendi do que ensinei. A convivência com estudantes é o melhor laboratório para um professor, pois a história de cada um é a ferramenta que impulsiona a caminhada.

Grande parte dessa caminhada foi como professora de Língua Portuguesa, e por essa razão faço deste espaço uma oportunidade de tentar despertar nos leitores a necessidade de zelar pelo uso correto de nossa língua. Sempre ouvi dos alunos: “odeio português”. Preocupada, mas convicta do meu compromisso como mediadora de conhecimentos, juntava-se a responsabilidade de despertar o gosto e o interesse pelo aprendizado da língua, apesar das regras e convenções que impõe, como qualquer outra língua.  Mas, na verdade não é tão rígida assim, desde que nos habituemos a ter contato mais aprofundado para que possamos moldá-la corretamente em nosso cotidiano.

Reafirmo constantemente que a língua portuguesa não é um “bicho de sete cabeças”, e é obrigação de todo brasileiro estudá-la e respeitá-la. É difícil, mas existem diferentes maneiras para aprender memorizar normas e regras para reforçar o seu domínio.  Praticar o português correto, tanto falando quanto escrevendo, deve ser um hábito diário. As redes sociais nos mostram diariamente o desleixo com o idioma, pelas postagens feitas de qualquer jeito, repletas de incoerências, ambiguidades, clichês, palavrões, pontuação incorreta, frases mal construídas, falta de concordância e de acentuação, erros de ortografia e de digitação, uso excessivo de abreviações, abandono de maiúsculas e de pontuação, e tantos outros deslizes que expõem a falta de conhecimento dos usuários. Antes de se expor publicamente, as pessoas precisam ler e reler os escritos para evitar o ridículo, preservando as normas da língua. Quando falamos, revelamos mais do que o nosso pensamento, revelamos também quem somos socialmente, isto é, nosso nível cultural, capacidade de nos adaptar em certas situações, nossa timidez, enfim, nossa forma de ser e de ver o mundo, podendo tanto nos abrir quanto fechar portas.

Há poucos dias falamos aqui sobre a decadência do ensino brasileiro.  As ferramentas digitais estão transformando a linguagem e a escrita. É preciso que haja um equilíbrio entre escrita digital e à mão. Ao migrarem da escrita tradicional para a digital nossas crianças e jovens estão aos poucos abandonando a tradicional. Estão perdendo a fluência na caligrafia. Têm escrita pouco legível, sentem desconforto ao escrever, cansam-se facilmente, têm dificuldade de expressar seus pensamentos, falta-lhes habilidades de comunicação, não desenvolvem a capacidade o pensamento crítico e criativo. A causa disso?  A falta de LEITURA. Os jovens precisam entender o poder da leitura, como a única forma de transmissão de informação, porque o leitor navega no pensamento do autor. Só a leitura aumenta o vocabulário. O mundo hoje é para quem pensa e entende o que lê.

Assim, tenha um livro sempre ao seu alcance… Leia também textos na internet, revistas, notícias etc. Leia algo todos os dias, nem que seja uma página apenas. Habitue-se a consultar o dicionário sempre que deparar com um vocábulo novo.   Não podemos mais alegar que livros são caros, pois estão ao nosso alcance o tempo todo. Mas, parece que quanto mais facilidade, menos as pessoas estão lendo. Perde-se muito tempo com futilidades e fofocas nas redes sociais. A preguiça mental e a falta do hábito de leitura são os males da comunicação.

 

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