Varejo perde fôlego em janeiro: “mais um resultado ruim”, avalia economista

O comércio varejista brasileiro começou 2025 com uma leve variação negativa de -0,1% no volume de vendas em janeiro, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (14). Apesar do terceiro mês seguido de queda, especialistas avaliam que o setor de varejo segue relativamente estável, mantendo-se apenas 0,6% abaixo do recorde histórico registrado em outubro de 2024.

Na comparação com janeiro de 2024, o cenário é mais positivo: as vendas cresceram 3,1%, marcando o 20º mês consecutivo de alta no varejo nacional. O resultado, segundo economistas, reflete um consumo ainda aquecido, embora algumas categorias do setor apresentem dificuldades para manter o ritmo de crescimento.

Varejo: tecnologia em alta, farmacêuticos em queda

Entre as oito categorias do comércio varejista, quatro tiveram crescimento e quatro apresentaram retração no volume de vendas em janeiro. O segmento que mais se destacou foi o de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, que avançou 5,3%, impulsionado pela valorização do real frente ao dólar.

Outros setores que registraram crescimento foram:

  • Combustíveis e lubrificantes: +1,2%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: +0,7%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: +0,6%

Em contrapartida, a maior queda foi no setor farmacêutico, que recuou -3,4% no mês. O segmento de hiper e supermercados, que tem grande peso na economia, também caiu -0,4%, impactando o desempenho geral do varejo.

Setores com queda:

  • Tecidos, vestuário e calçados: -0,1%
  • Móveis e eletrodomésticos: -0,2%
  • Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,4%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -3,4%

Vendas no comércio ampliado crescem com setor automotivo e construção

O comércio varejista ampliado, que inclui o setor automotivo e de construção civil, apresentou um desempenho positivo em janeiro:

  • Veículos, motos, partes e peças: +4,8%
  • Material de construção: +3,0%

O setor automotivo continua se beneficiando de linhas de crédito mais acessíveis, enquanto a construção civil segue em recuperação, impulsionada por programas habitacionais e maior disponibilidade de financiamento.

Destaques regionais: quem cresceu e quem caiu?

O desempenho do varejo variou entre as regiões brasileiras, com 15 estados registrando crescimento no volume de vendas em relação a dezembro de 2024.

Estados com maior alta:

  • Amapá: +13,1%
  • Tocantins: +4,6%
  • Mato Grosso: +3,1%

Por outro lado, 11 estados tiveram queda no volume de vendas, sendo os mais afetados:

  • Sergipe: -3,9%
  • Roraima: -3,5%
  • Alagoas: -2,0%

Já o Espírito Santo manteve estabilidade (0,0%) no período.

Na comparação anual, 23 das 27 unidades federativas tiveram crescimento nas vendas, com destaque para:

  • Amapá: +14,3%
  • Rio Grande do Sul: +10,8%
  • Santa Catarina: +8,3%

Já as quedas mais expressivas ocorreram em:

  • Mato Grosso: -6,8%
  • Roraima: -5,2%
  • Sergipe: -2,0%
  • Rondônia: -1,4%

Para além dos números do varejo

O economista Maykon Douglas avalia que o desempenho do varejo em janeiro reforça um cenário de desaceleração da economia doméstica. Segundo ele, o fato de menos segmentos registrarem crescimento e a retração atingir itens essenciais, como supermercados e produtos farmacêuticos, indica um consumo mais enfraquecido.

O resultado foi negativo do ponto de vista qualitativo. Tivemos avanços pontuais em setores voláteis, enquanto os segmentos mais ligados à renda das famílias apresentaram quedas, evidenciando um menor fôlego da demanda interna”, explica Douglas. Para ele, os dados sugerem cautela com o consumo nos próximos meses, já que a tendência de arrefecimento da atividade pode impactar o varejo de forma mais ampla.

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