Suspeito de matar família usou tática para esconder corpos

A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros desempenharam papéis importantes na localização dos corposCBMGO

Uma tentativa de enganar as equipes de resgate marcou as buscas pela família desaparecida em Alvorada do Norte, Goiás. O criminoso, acreditando que poderia ocultar os vestígios do crime, enterrou um cachorro no mesmo local dos corpos, tentando disfarçar o cheiro da decomposição. Contudo, essa tentativa de ocultação foi frustrada.

“O odor forte acabou direcionando nossos cães exatamente para aquele ponto. Normalmente, buscas como essa podem durar dias, devido à vastidão da área e ao cansaço dos cães e da equipe. Mas, nesse caso, a tentativa de ocultação acabou acelerando o processo, pois os cães foram direto ao local correto. Foi uma ocorrência resolvida rapidamente, o que não é comum em buscas desse tipo, que costumam ser mais demoradas”, explicou o capitão Barbosa, do 9º CRBM, ao Portal iG.

A operação que culminou na descoberta dos corpos da família, composta por Flávio Santos Neri, de 29 anos, sua esposa Jéssica Cristina de Assis, de 27 anos, grávida de oito meses, e sua filha Naira Gabriele, de 1 ano e 10 meses, foi realizada em uma propriedade rural, onde as vítimas foram enterradas.

A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros desempenharam papéis importantes na localização dos corpos, com o apoio de equipamentos tecnológicos e cães farejadores.

O caso, que ganhou notoriedade pelo mistério e pela gravidade, começou com o desaparecimento da família no final de 2024, após o último contato de Jéssica ao retornar ao Distrito Federal.

Um boletim de ocorrência foi registrado em fevereiro, após três meses de buscas infrutíferas. A principal linha de investigação aponta para o tio de Flávio, que também morava na chácara e não foi mais visto desde o desaparecimento da família.

A disputa pela posse da propriedade, que pertence ao avô de Flávio, pode ter sido a motivação para o crime. As autoridades suspeitam que o tio, com interesses no terreno, tenha cometido os homicídios.

“A Polícia Civil investiga uma possível disputa familiar pelo terreno onde a família morava”, informou o capitão Barbosa. A chácara, localizada em um assentamento na zona rural de Alvorada do Norte, era o cenário de um conflito familiar, e a ausência do tio desde o desaparecimento reforça as suspeitas sobre sua participação no crime.

Buscas

Casal foi morto em GoiásReprodução

Após a denúncia de um parente do suspeito, que indicou o local onde os corpos estavam enterrados, as equipes iniciaram a busca na fazenda, com a ajuda de um drone Mavic 3 térmico e cães farejadores.

O capitão Barbosa detalhou como a operação foi conduzida: “A busca começou na sede da fazenda, onde havia indícios de violência, como vestígios de sangue, mas nenhum sinal dos corpos. Como havia a informação de que eles estavam enterrados perto do rio, iniciamos a varredura com o drone, seguida pela busca com os cães próximos à margem.”

Embora a localização da propriedade tenha apresentado desafios logísticos, com a área rural afastada e vastidão do terreno, as equipes conseguiram superar as dificuldades com a ajuda de tecnologias e métodos especializados.

“A informação sobre o local veio da Polícia Civil, com base no relato de um parente do suspeito, que confessou ter enterrado os corpos perto do rio Correntina, dentro da própria fazenda. A partir disso, delimitamos a área de busca e iniciamos o trabalho com os cães farejadores”, contou o capitão.

Corpos encontrados

A busca foi rápida, mas não sem complicações. “Os cães identificaram um odor suspeito, mas, ao escavarmos o local, encontramos primeiro um cachorro enterrado, possivelmente colocado ali para disfarçar o cheiro dos corpos”, disse Barbosa.

Contudo, a persistência das equipes e o treinamento dos cães resultaram na descoberta dos corpos.

“Cavando mais fundo, encontramos primeiro o esqueleto do bebê, seguido pelos restos mortais do pai e, por último, da mulher grávida, que estava enterrada em maior profundidade, possivelmente a primeira a ser colocada ali.”

Após a descoberta, o IML (Instituto Médico Legal) e a perícia foram acionados para confirmar a identidade das vítimas e determinar as causas das mortes, o que ainda aguarda resultados.

“Nossa atuação foi auxiliar na localização dos corpos, utilizando nossa expertise e os cães treinados para esse tipo de busca. Como os corpos foram encontrados com alguns documentos, há uma forte indicação de que se trata da família desaparecida, mas isso ainda precisa ser confirmado por exames, como testes de DNA”, destacou o capitão.

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