Denúncia da PGR amplia riscos de prisão de Bolsonaro

 

Por Sílvio Cascione:

“A formalização da denúncia contra Jair Bolsonaro pela Procuradoria-Geral da República reforça a alta probabilidade de que o ex-presidente seja condenado e preso nos próximos anos. A acusação, que inclui também o ex-vice presidente Walter Braga Netto e ex-comandantes militares, não trouxe grandes novidades, já que todos os implicados vinham sendo investigados, com alguns já em prisão preventiva.

Mesmo negando as acusações e alegando despreocupação, Bolsonaro enfrenta um cenário altamente desfavorável.

Com o ministro Alexandre de Moraes à frente do processo no Supremo Tribunal Federal, a admissibilidade da denúncia deve ser decidida em poucos meses, dando início ao julgamento na Primeira Turma do STF.

A chance de condenação é alta, salvo eventuais questões processuais que possam gerar reviravoltas, pois a maioria dos ministros já manifestou críticas às tentativas de Bolsonaro de desacreditar as eleições. Recursos da defesa devem empurrar o desfecho do caso para o primeiro semestre de 2026, intensificando a tensão política no Brasil.

É provável que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifeste apoio a Bolsonaro, provocando reações adversas no governo Lula e dificultando negociações bilaterais, como as tarifas sobre o aço e o alumínio. No entanto, qualquer tentativa de pressão externa dificilmente mudará a situação de Bolsonaro no STF e pode até tornar o tribunal mais coeso em sua determinação de processar os acusados de tentativa de golpe.

Diante desse cenário, Bolsonaro tende a se apoiar ainda mais em sua base fiel, que continua sendo sua maior força política. A pesquisa eleitoral mais recente, da Paraná, mostra o ex-presidente com 18% das intenções espontâneas de voto; qualquer nome indicado por ele terá grandes chances de ir ao segundo turno.

Com a alta probabilidade de ele ser impedido de concorrer pelo Judiciário, Eduardo Bolsonaro desponta como seu herdeiro político natural, relegando figuras como Tarcísio de Freitas a um papel secundário.

Embora a escolha de um sucessor possa reservar surpresas, a inelegibilidade do ex-presidente parece quase certa. Cabe notar que nenhum parente de Bolsonaro foi incluído na denúncia da PGR, o que facilita sua estratégia de transferência de capital político para alguém de sua família, garantindo total lealdade.”

 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.