Beatles e a Filosofia

Por Professor Caverna – OPINIÃO

IN MEMORIAM: Lucas Lemes Diniz

Se existe uma banda que atravessou gerações e ainda hoje influencia a cultura pop, essa banda é os Beatles. Mas além das batidas marcantes e das letras inesquecíveis, já parou para pensar que os caras de Liverpool têm muito a ver com a filosofia? Sim, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr não só revolucionaram a música, mas também deixaram reflexões que dariam um nó na cabeça de qualquer pensador.

Neste texto, vamos conectar algumas das ideias dos Beatles com grandes conceitos filosóficos. Então, pegue sua jaqueta de couro (ou seu terno psicodélico) e embarque nessa viagem pelo pensamento e pela música!

Quando os Beatles lançaram All You Need Is Love em 1967, a mensagem era clara: o amor é a força mais poderosa do mundo. Mas será que a filosofia concorda com isso? Platão, por exemplo, via o amor (ou Eros) como uma busca pelo belo e pelo conhecimento. Em O Banquete, ele nos diz que o amor verdadeiro não é apenas carnal, mas uma escada que leva ao entendimento supremo. No fundo, quando os Beatles cantam sobre o amor, talvez estejam nos incentivando a buscar algo além da superfície, assim como Platão sugeria.

Já Schopenhauer tem uma visão mais pessimista. Para ele, o amor é uma ilusão criada pela vontade da natureza para garantir a reprodução da espécie. Ou seja, enquanto Lennon cantava que o amor resolve tudo, Schopenhauer provavelmente responderia: “É, mas isso é só um truque biológico para te enganar.” Meio deprê, né?

Quando Paul McCartney compôs Let It Be, ele dizia ter se inspirado em um sonho com sua mãe, que lhe disse para simplesmente deixar as coisas acontecerem. Essa ideia de aceitar os acontecimentos e seguir em frente tem tudo a ver com os ensinamentos do estoicismo. Sêneca, um dos grandes filósofos estoicos, defendia que devemos aceitar o que não podemos mudar e focar apenas no que está ao nosso alcance. Assim como na música, ele diria: “Se algo ruim aconteceu, paciência. Concentre-se no que pode fazer agora.” Ou seja, Let It Be é praticamente um manual de filosofia estoica disfarçado de balada.

Se existe uma música dos Beatles que parece um tratado existencialista, essa música é Nowhere Man. Ela fala sobre alguém que está perdido, sem direção e sem um propósito definido. Parece familiar? Pois é exatamente isso que Sartre e Camus discutiram sobre a condição humana. Para Jean-Paul Sartre, estamos condenados a ser livres. Não há um significado pronto para a nossa existência; temos que criá-lo. Já Albert Camus falava sobre o absurdo da vida e a necessidade de encontrar sentido mesmo em um mundo sem respostas definitivas. O Nowhere Man está paralisado, mas os filósofos existencialistas diriam que ele precisa agir, escolher e dar significado à própria vida.

Os Beatles sabiam unir pessoas como ninguém, e Come Together é um ótimo exemplo disso. Mas, além de ser um hino sobre unidade, ela também pode ser vista sob a ótica do contrato social. Rousseau defendia que os seres humanos, para viverem em sociedade, fazem um pacto implícito onde abrem mão de parte de sua liberdade em troca de segurança e convivência pacífica. A música fala sobre diferentes personagens, cada um com suas características, mas no final todos se juntam. Esse espírito de união lembra a ideia de que, apesar das diferenças individuais, só conseguimos avançar como humanidade quando trabalhamos juntos.

A última faixa do álbum Revolver, Tomorrow Never Knows, foi inspirada no Livro Tibetano dos Mortos e traz uma viagem musical cheia de referências ao desapego e à espiritualidade oriental. George Harrison, o mais espiritualizado da banda, era um grande admirador do hinduísmo e do budismo, e essa influência aparece forte aqui.

No budismo, a ideia do não-eu e da impermanência sugere que tudo muda o tempo todo e que precisamos abandonar o ego para alcançar a iluminação. A letra da música convida o ouvinte a se entregar ao fluxo da vida e deixar o eu desaparecer. Se você já se sentiu flutuando ouvindo essa música, pode agradecer ao pensamento oriental por isso.

Os Beatles podem ser lembrados como músicos geniais, mas seu impacto vai muito além das melodias. Suas músicas dialogam diretamente com algumas das maiores questões filosóficas da humanidade. Do amor platônico ao estoicismo, do existencialismo ao budismo, a filosofia está presente em suas letras de forma sutil, mas poderosa.

Então, da próxima vez que der o play em um clássico dos Beatles, tente ouvir além da música. Você pode acabar encontrando mais perguntas do que respostas e isso, como qualquer filósofo sabe, é sempre um ótimo começo.

IN MEMORIAM: Lucas Lemes Diniz

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“Tiraram o primata da selva, mas não a selva do primata” Prof Caverna

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