Brasileiros perdem acesso a dinheiro após escanear íris para projeto

Brasileiros que aceitaram escanear a íris em troca de dinheiro estão enfrentando dificuldades para acessar suas contas no aplicativo World App e resgatar os valores prometidos. O projeto, que se expandiu pelas periferias de São Paulo nos últimos meses, foi proibido de remunerar os participantes pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), mas muitas pessoas seguem sem suporte adequado para resolver problemas de acesso.

A decisão da ANPD levou a empresa World a interromper novos registros no Brasil. O órgão regulador alega que muitos participantes não tinham conhecimento real sobre os riscos da coleta de biometria e não entendiam como seus dados seriam utilizados. Com a suspensão, o aplicativo passou a ser a única forma de atendimento, mas os usuários relatam falhas constantes e ausência de suporte eficiente.

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Usuários perdem acesso ao app e dinheiro

Muitos participantes reclamam que perderam o acesso ao World App após tentarem reinstalar o aplicativo ou redefinir a senha. A comerciante Vivian Caramaschi, de 48 anos, conta que fez o escaneamento da íris em novembro de 2024 e deveria receber 20 moedas Worldcoin em 24 horas. No entanto, um erro no aplicativo impediu o saque.

“Desinstalei e instalei novamente, mas agora ele diz que minha senha está errada. Eu tinha cerca de R$ 200 lá dentro, e agora perdi tudo”, lamenta Vivian. Situação parecida ocorreu com Marilis Casco Morales, de 24 anos, que tinha R$ 296,81 para sacar e agora não consegue mais acessar a conta.

A advogada especializada em direito digital Patrícia Peck alerta que o aplicativo apresenta problemas de idioma, com partes em inglês e espanhol, o que pode dificultar a compreensão dos participantes. “Muitos estão perdendo acesso por não conseguirem seguir corretamente as instruções”, explica.

Dificuldade no suporte agrava situação

Usuários também relatam que o suporte do World App não oferece soluções reais. “O chat é um robô e, depois de algumas mensagens, ele para de responder”, reclama Nilson dos Santos, de 39 anos, que teve problemas para receber a segunda parcela da remuneração.

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Outros participantes, como Elaine Oliveira, de 40 anos, também perderam o acesso ao aplicativo e ficaram sem os pagamentos. “Não há opção para recuperar a conta. Os atendentes nos pontos de coleta só dizem para tentar o suporte do app, que não funciona“, critica.

Segundo a World, a perda do acesso pode estar relacionada à falta de backup da conta, o que impediria a recuperação dos dados. A empresa reforça que exibe a opção de backup no momento do cadastro, mas não informa claramente por que a desinstalação do app pode levar à perda definitiva da conta.

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Valor da criptomoeda caiu desde a decisão da ANPD

Antes da suspensão dos pagamentos, os participantes podiam converter suas Worldcoins em reais. Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, o valor total dos pagamentos poderia chegar a R$ 600, dependendo da cotação da moeda digital.

Porém, desde o fim de janeiro, a criptomoeda teve uma queda expressiva de valor, reduzindo os ganhos dos participantes. Além disso, muitos não conseguiram realizar saques a tempo devido aos problemas de acesso ao aplicativo.

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Cristiano Barbosa, de 52 anos, esperava receber cerca de R$ 300 mensais, conforme informado por um atendente da World. No entanto, ao tentar acessar o saldo, descobriu que só tinha R$ 24,77 disponíveis. “Eles disseram que poderia aumentar ou diminuir dependendo da variação, mas eu me sinto enganado“, reclama.

Usuários buscam soluções legais

Advogados afirmam que os consumidores afetados podem recorrer à Justiça para contestar os problemas e exigir a recuperação dos valores. Segundo especialistas, a World pode estar violando os direitos do consumidor ao não oferecer um suporte adequado.

Alguns participantes, como Nilson dos Santos, estudam fazer um boletim de ocorrência contra o projeto. “Sem ajuda, o jeito é buscar a Justiça para tentar reaver meu dinheiro“, afirma.

Procurada, a World informou que não tem dados sobre o número de pessoas afetadas e que os funcionários não possuem treinamento para solucionar problemas no aplicativo. A empresa segue sem previsão de retomada dos pagamentos no Brasil.

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Fonte: g1