Inflação, populismo e juros altos desafiam o ambiente de negócios no Brasil

O Brasil segue mergulhado em um ambiente de incertezas econômicas, com desequilíbrio entre as políticas fiscal e monetária, pressão inflacionária persistente e medidas populistas que afetam diretamente a confiança do investidor. Essa é a avaliação de Celson Placido, CEO da AMW, durante entrevista ao programa “Mercado & Beyond”.

O governo intensificou os gastos nos dois primeiros anos, sem guardar munição fiscal para o ciclo pré-eleitoral, o que gera dúvidas sobre sua capacidade de conter a inflação e manter o crescimento sustentável“, disse Placido.

Segundo ele, o cenário é agravado pelo avanço da inflação de alimentos e pela insistência do governo em estimular o consumo mesmo diante de uma população endividada. “O trabalhador não está preocupado se o PIB subiu 3% ou 4%, ele quer saber se o poder de compra dele foi preservado“, ressaltou.

Confiança do investidor e riscos políticos no Brasil

Placido destacou que a popularidade em queda do presidente Lula tem feito o mercado antecipar possíveis cenários eleitorais para 2026. “O mercado já começa a precificar uma eventual mudança para um candidato de centro-direita com maior compromisso fiscal, o que ajudou a bolsa a subir e o dólar a cair no início do ano“, afirmou.

Apesar disso, ele alerta para o risco de medidas ainda mais populistas no curto prazo: “Mais gasto público significa pressão inflacionária, e a população, mais cedo ou mais tarde, vai cobrar isso“.

Brasil: o peso da educação e da produtividade

Um dos principais gargalos estruturais do Brasil, segundo Celson, é a baixa produtividade, fruto de uma educação básica precária. “O Brasil investe cerca de 7% do PIB em educação, mas de forma ineficiente. A prioridade precisa ser a educação básica. Chegamos ao ponto de formar universitários que não dominam português nem matemática“, criticou.

Para ele, sem capital humano qualificado, não há como melhorar a produtividade nem garantir crescimento sustentável. “A gente quer reduzir carga horária de trabalho em vez de discutir produtividade“, disse.

Investimentos: oportunidades e desafios do Brasil

Apesar dos desafios, Placido acredita que o Brasil segue atrativo para investimentos, especialmente pela alta taxa de juros real. “O juro real de 10% é um dos maiores do mundo e cria oportunidades, sobretudo na renda fixa e no crédito privado. Mas a bolsa também está descontada e pode reagir com uma melhora no ambiente político“, afirmou.

Ele também comentou sobre o apetite do investidor estrangeiro: “O smart money já começou a voltar. Se houver uma sinalização clara de compromisso fiscal em 2026, o fluxo de capital externo pode crescer muito“.

Tecnologia, criptoativos e o futuro dos investimentos

Placido também destacou o papel da tecnologia, especialmente a tokenização de ativos e os criptoativos, como transformações irreversíveis do mercado financeiro. “Crises geram oportunidades. Tokenizar um imóvel e permitir investimento de R$ 10 ou R$ 100 é uma forma de democratizar o acesso e eliminar intermediários.

Sobre criptoativos, ele defende que todo investidor deveria ter uma exposição, mesmo pequena, por se tratar de uma alternativa à dependência dos governos e bancos centrais.

Desafios pessoais e visão de futuro

Ao fim da entrevista, Celson falou sobre seus desafios pessoais. “O que me move é deixar um país melhor para meus três filhos. Eu não quero sair do Brasil, quero ajudar a transformá-lo.

O CEO da AMW encerrou com um apelo: “Precisamos retomar a educação como prioridade nacional. Sem ela, não há produtividade, não há crescimento, não há futuro.

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