Inflação desacelera, mas será que é só um respiro antes da tempestade?

A inflação de janeiro apresentou um avanço de 0,16%, um patamar considerado baixo, segundo Andrea Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos. O resultado foi influenciado pelo bônus de Itaipu, que reduziu as tarifas de energia elétrica e ajudou a segurar a alta dos preços.

O desconto na conta de luz impactou quase 0,5 ponto percentual na inflação. Isso é bastante significativo, mas precisamos considerar que esse efeito será revertido em fevereiro, o que pode pressionar os números nos próximos meses”, explica Angelo.

Alimentos seguem pressionando inflação e poder de compra da população

Se a energia elétrica ajudou a conter a inflação, o mesmo não pode ser dito da alimentação. O setor continua com variação mensal acima de 1% desde outubro, o que segue pesando no bolso dos brasileiros.

A alta dos alimentos desloca a renda da população, reduzindo a capacidade de consumo em outros setores, como serviços”, analisa a estrategista.

Apesar disso, o comportamento dos serviços no IPCA de janeiro trouxe um alívio para o mercado. “Esperava-se uma aceleração maior nesse segmento, mas a variação veio um pouco abaixo do esperado, diferente do que vimos no IPCA-15 de janeiro, que trouxe muita preocupação”, afirma Angelo.

Banco Central observa sinais de desaceleração econômica

A ata da última reunião do Banco Central já havia destacado a possibilidade de uma desaceleração da economia impactando os preços. Para Angelo, esse é um ponto a ser acompanhado.

Ainda é cedo para afirmar que a desaceleração da atividade econômica já está pesando na inflação, mas esse é um fator que precisa ser observado com mais atenção nas próximas leituras”, comenta.

Além disso, o câmbio, que no ano passado teve forte depreciação de mais de 20%, também influenciou a inflação. No entanto, o repasse da variação cambial em janeiro foi menor do que o esperado.

Os repasses do câmbio não foram tão elevados quanto se imaginava. Isso pode indicar que a demanda está um pouco mais fraca, já que o poder de compra da população foi corroído pelos preços dos alimentos por muito tempo”, avalia a estrategista.

Ela também destaca que algumas empresas podem ter segurado o repasse da alta do dólar para os preços, devido à recente queda do câmbio médio para abaixo de R$ 6.

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