HIV: preconceito ‘ressurge’ após transplantados contaminados

Após o caso de seis pacientes transplantados com órgãos infectados pelo vírus HIV, na cidade do Rio, o debate sobre rótulos e preconceitos retornou ao primeiro plano. Priscila (nome fictício), uma paciente de 42 anos que vive com o vírus há quase um ano, destaca que, atualmente, pessoas soropositivas podem viver normalmente com saúde, desde que sigam o tratamento adequado. Desde a sua avaliação médica, ela apresenta carga viral indetectável.

Priscila relata que não enfrentou preconceitos durante o tratamento, afirmando que em ambientes sociais se sente “invisível” junto a outras pessoas. No entanto, ela menciona que sua condição representou um obstáculo no ambiente de trabalho.

Leia também

  • Pacientes levam vida normal com tratamento adequado, mas ainda enfrentam o estigma do preconceito

    HIV em transplantes: Justiça mantém prisão de sócio do laboratório

  • Pacientes levam vida normal com tratamento adequado, mas ainda enfrentam o estigma do preconceito

    Transplantes de órgãos com HIV: investigada se apresenta à polícia

  • Pacientes levam vida normal com tratamento adequado, mas ainda enfrentam o estigma do preconceito

    HIV em transplantes: mais um acusado é preso no Rio

Ao descobrir seu diagnóstico, informou sua supervisora sobre a necessidade de faltas frequentes, embora não fosse obrigada a fazê-lo.

“Eu confiei na minha patroa e por isso falei com ela”, explica. Agora ela segue uma carreira autônoma para ter maior flexibilidade em sua rotina, destacando: “Minha vida, minha regra”.

Adriana Viana, assistente social do Projeto Rede Vida, em São Gonçalo, aponta que o preconceito ainda é um desafio.

“Os fatores morais e conservadores ainda fazem com que muitos vivam isolados”, afirma. Ela acrescenta que o estigma pode levar à exclusão social e ao afastamento de familiares e amigos, criando barreiras significativas para o tratamento.

Pacientes costumam se ajudar mutuamente para enfrentar o preconceito


Pacientes costumam se ajudar mutuamente para enfrentar o preconceito


|  Foto:
Quintanilha Filho

Priscila reflete sobre a luta contra o estigma e compartilha sua experiência. “O HIV me fez enxergar a mulher que sou. Mesmo no oculto, ajudo outras pessoas”. Ela defende que a educação é essencial para desmistificar o HIV e diz: “Não recrimino o preconceito, pois muitos carecem de informação”.

A paciente afirma que, embora a sociedade tenha avançado, ainda existem barreiras. Para ela, a conscientização nas escolas é fundamental.

Adriana explica que o acolhimento e a defesa dos direitos são essenciais para quem vive com HIV.

“Os pacientes precisam saber que é possível viver bem e receber suporte emocional e social”, comenta. Ela acrescenta que as terapias e rodas de conversa são importantes para lidar com os desafios emocionais.

A assistente social completa: “É fundamental que as pessoas conheçam seus direitos e que exista um sistema de saúde que as ampare”.

Atendimento

Em Niterói, a Secretaria Municipal de Saúde disponibiliza assistência em diversas unidades com o Serviço de Atenção Especializado (SAE). O Hospital Municipal Carlos Tortelly é referência para internação de adultos, enquanto o Hospital Getúlio Vargas Filho atende crianças e adolescentes.O atendimento ambulatorial está disponível em várias policlínicas da cidade. Já em São Gonçalo, o tratamento é oferecido na Policlínica Gonçalense de Referência para Doenças Crônicas e Transmissíveis e em outras unidades.

Niterói:

  • Hospital Municipal Carlos Tortelly (HMCT) – Internação de adultos e atendimento ambulatorial – R. Des. Athayde Parreiras, 266 – Fátima
  • Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho (Getulinho) – Internação de crianças e adolescentes – R. Teixeira de Freitas, s/n – Fonseca
  • Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal) – R. Teixeira de Freitas, 30 – Fonseca
  • Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) – Av. Marquês do Paraná, 303 – Centro
  • Policlínica Regional Sérgio Arouca – R. Vital Brasil Filho, s/n – Vital Brasil
  • Policlínica Regional do Barreto – R. Dr. Luiz Palmier, 726
  • Policlínica Regional Carlos Antônio da Silva – Av. Jansen de Melo, s/n – São Lourenço
  • Policlínica Regional da Engenhoca – Av. Prof. João Brasil, s/n – Engenhoca
  • Policlínica Regional do Fonseca – R. Des. Lima Castro, 238 – Fonseca
  • Policlínica Regional do Largo da Batalha – R. Rev. Armando Ferreira, 30 – Largo da Batalha
  • Policlínica Regional de Itaipu – Av. Irene Lopes Sodré – Itaipu

Atendimento para violência contra mulheres e casos de Profilaxias Pós Exposição Sexual (PEP)

  • Maternidade Municipal Alzira Reis – Av. Carlos Ermelindo Marins – Charitas
  • Hospital Estadual Azevedo Lima
  • Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap)

Gestantes HIV positivo têm atendimento em qualquer um dos SAE existentes, e, caso haja existência de risco obstétrico causado por outros agravos à saúde das gestantes, elas podem ser encaminhadas para a Policlínica de Especialidades da Saúde da Mulher Malu Sampaio.

O horário de funcionamento das unidades é das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. Já em caso de internação de urgência, os hospitais que possuem atendimento são 24 horas, todos os dias da semana.

São Gonçalo:

  • Policlínica Gonçalense de Referência para Doenças Crônicas e Transmissíveis – R. Francisco Portela, 2419 – Centro, São Gonçalo / Parada 40
  • Polo Sanitário Hélio Cruz – R. Concórdia, S/N – Alcantara / Alcântara
  • Clínica da Família Dr. Zerbini – Av. Dr. Eugênio Borges / Arsenal
  • Pronto-Socorro Central e Pronto-Socorro Infantil (PSI) – Alameda Pio XII, 62 / Zé Garoto

Todas as unidades de tratamento de HIV oferecem acompanhamento psicológico. Os casos de Urgência e Emergência são atendidos, diariamente, após 17h, no Pronto Socorro Central, Zé Garoto; Pronto Socorro Infantil (PSI) e Zé Garoto.

Mitos e verdades

É importante esclarecer que a aids não é uma doença restrita a determinadas orientações sexuais ou identidades de gênero. A desinformação continua a alimentar preconceitos, tornando essencial a promoção de campanhas educativas para desmistificar o HIV e promover uma convivência mais saudável e respeitosa entre todos.

Mito: “O HIV é uma sentença de morte”.

Verdade: Com o tratamento antirretroviral, muitas pessoas com HIV têm uma expectativa de vida semelhante à de pessoas sem o vírus.

Mito: “Pessoas com HIV não podem ter filhos saudáveis”.

Verdade: Mulheres vivendo com HIV podem ter filhos sem o vírus, seguindo o tratamento adequado e orientações médicas específicas durante a gestação.

Mito: “O HIV pode ser transmitido por beijos, abraços ou pelo uso de objetos compartilhados”

Verdade: O HIV não é transmitido por contato casual, como apertos de mão, abraços, beijos ou pelo compartilhamento de utensílios.

Mito: “Quem vive com HIV deve evitar atividades físicas intensas”

Verdade: Com o acompanhamento médico, pessoas com HIV podem praticar atividades físicas regularmente, o que contribui para sua saúde.

Mito: “O tratamento com antirretrovirais é apenas para casos avançados de HIV”

Verdade: O tratamento deve ser iniciado assim que o diagnóstico é confirmado, independentemente da fase da infecção, para reduzir a carga viral e melhorar a qualidade de vida.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.