Impacto fiscal do pacote de isenção de IR: “Amadorismo atroz”, avalia especialista

O pacote fiscal apresentado pelo governo federal, que inclui a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e aumento da carga tributária sobre os mais ricos, recebeu críticas contundentes de Roberto Dumas, mestre em economia. Durante entrevista, Dumas classificou as medidas como “amadorismo atroz” e destacou que a proposta, além de não conter a dívida pública, pode agravar problemas econômicos, como inflação e desvalorização cambial.

Isenção e aumento de impostos: um equilíbrio frágil

De acordo com Dumas, a isenção para rendimentos de até R$ 5 mil deve gerar uma renúncia fiscal significativa, estimada entre R$ 35 bilhões e R$ 45 bilhões. Ele avalia que a tentativa de compensar esse valor com aumento de impostos para quem ganha acima de R$ 50 mil enfrenta obstáculos no Congresso e pode gerar evasão de capitais, com investidores enviando recursos para o exterior ou abrindo offshores. “O câmbio deprecia, a curva de juros estica, e quem mais sofre é o desavisado que acredita no benefício imediato sem calcular os custos a longo prazo”, afirmou.

Risco de dívida pública crescente

Dumas também abordou a trajetória da dívida pública, que ele considera insustentável no atual cenário. “Mesmo com um ajuste fiscal, o custo de carregamento real da dívida pública está acima de 5,5% ao ano. Não temos crescimento econômico suficiente para compensar isso, e ainda mantemos um déficit primário. A dívida só vai crescer”, explicou.

O especialista criticou a falta de mudanças estruturais nas contas públicas e questionou a eficácia de medidas anunciadas como reformas fiscais. “Cortar fraudes no Benefício de Prestação Continuada (BPC) deveria ser uma iniciativa imediata, não algo apresentado como reforma estrutural. Estamos apenas ‘cortando as pontas duplas do cabelo’”, ironizou.

Fragilidade econômica e populismo

Dumas concluiu apontando para os riscos de fragilidades externas que o Brasil pode enfrentar caso continue em uma trajetória de aumento da dívida e déficits fiscais. Ele também destacou o impacto negativo da incerteza gerada pelas mudanças tributárias nas empresas. “O governo precisa decidir: ou corta benefícios para todos ou cria uma estrutura estável. Não dá para deixar as empresas inseguras sobre a continuidade de incentivos fiscais enquanto precisam planejar seus negócios”, afirmou.

O economista ainda classificou o timing das medidas como inoportuno. “Custava esperar um ano para deixar o dólar e a curva de juros se acomodarem antes de lançar um pacote confuso e populista? Isso só aumentou o risco fiscal e criou instabilidade no mercado”, concluiu.

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