Substituindo o vínculo real: o que os BEBÊS REBORN revelam sobre a SOLIDÃO EMOCIONAL?

A saúde mental está cada vez mais em pauta, um fenômeno chama a atenção de psicólogos e profissionais da saúde: o crescente apego de adultos aos chamados bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam bebês humanos em detalhes admiráveis.

Se por um lado esses bonecos podem ser utilizados com finalidades terapêuticas ou até artísticas, por outro, o vínculo emocional intenso que algumas pessoas estabelecem com eles levanta um alerta importante: o quanto estamos substituindo vínculos reais por relações simbólicas para lidar com a solidão emocional?

Os bebês reborn surgiram como itens de colecionadores, mas hoje são adquiridos por pessoas em busca de conforto emocional. Em redes sociais, é possível ver vídeos de adultos cuidando desses bonecos como se fossem filhos — alimentando, trocando fraldas, colocando para dormir e até levando ao médico.

Enquanto muitos compram um reborn por afeto ou estética, há casos em que o apego excessivo está ligado a perdas não elaboradas, solidão crônica, depressão ou traumas afetivos. Em algumas situações, o reborn é uma forma inconsciente de “preencher” uma ausência — seja a de um filho, um relacionamento, ou até a de si mesmo.

Como psicóloga, tenho observado que o uso desses bonecos pode ser um sintoma de um sofrimento mais profundo que precisa ser acolhido e compreendido. Eles oferecem uma ilusão de vínculo e de controle: um bebê que não chora, que nunca cresce e que não rejeita. Mas também não devolve afeto real.

O papel da psicologia não é julgar, mas entender o que esse comportamento revela. Se um adulto encontra conforto em um reborn de forma saudável, sem prejuízos à vida social, afetiva e funcional, isso pode ser visto como um recurso simbólico. No entanto, quando a relação com o reborn substitui laços reais e compromete o bem-estar, é necessário buscar ajuda.

Fique atento se:

  • O contato com o bebê reborn se torna mais importante que relações humanas.
  • Você evita interações sociais para ficar com o boneco.
  • Sente angústia ou pânico ao se separar dele.
  • Usa o reborn para fugir de dores emocionais que não foram elaboradas (como perdas, traumas ou carências).
  • Percebe que está negligenciando a si mesmo em função dos cuidados com o boneco.

Dicas para lidar com a solidão emocional

  1. Reconheça seus sentimentos: a solidão é um sinal de que precisamos de conexão.
  2. Procure vínculos reais: reative laços antigos ou invista em novos, mesmo que de forma gradual.
  3. Invista em psicoterapia: o psicólogo pode ajudar a elaborar traumas e redescobrir sua potência emocional.
  4. Cuidado com o isolamento: o apego exagerado a vínculos simbólicos pode afastar do mundo real.

Os bebês reborn não são o problema em si. Eles apenas revelam o quanto, como sociedade, temos adoecido silenciosamente por falta de escuta, afeto e vínculos humanos significativos. Cuidar de um boneco pode aliviar a dor momentânea, mas não substitui o poder de um abraço real, de uma conversa profunda ou de uma presença amorosa.

Se você se identificou com esse tema, não hesite em procurar ajuda psicológica. Cuidar da sua saúde emocional é o passo mais verdadeiro rumo à sua evolução de autoconhecimento.

Fique bem!

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