Número de feminicídios chega a 11 no DF em 5 meses; 2 mulheres morreram nas últimas 24 horas


Dados da Secretaria de Segurança mostram que maioria das vítimas não registrou boletim de ocorrência contra agressor. Casos recentes aconteceram em Ceilândia e Samambaia. Violência contra a mulher. Foto ilustrativa.
G1
O Distrito Federal registrou 11 casos de feminicídio em 2025. Somente nas últimas 24 horas, duas mulheres foram mortas, em Samambaia e Ceilândia (saiba mais abaixo).
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Dados da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP) — que contabiliza os crimes que ocorreram até 13 de maio — mostram que:
Em 88,9% dos casos, as vítimas não haviam registrado ocorrência contra o agressor;
44,4% sofreram violência anterior ao feminicídio;
A maioria dos assassinatos foi cometida com arma branca (44%), seguida de asfixia (22%), agressão física (22%) e arma de fogo (11%);
Em 44% dos casos, o crime ocorreu dentro de casa;
Em 55% dos feminicídios, a motivação foi ciúmes.
Todas as vítimas eram mães.
Para a defensora Rafaela Ribeiro Mitre, chefe do Núcleo de Assistência Jurídica de Promoção e Defesa das Mulheres da Defensoria Pública do DF (DPDF), embora o feminicídio possa atingir mulheres de diferentes perfis, há um padrão comum: histórico de violência contínua, dependência emocional ou financeira e ausência de apoio.
“ Os agressores costumam apresentar comportamento controlador, possessivo, histórico de violência doméstica anterior ou ciúmes excessivos. Além disso, as vítimas de feminicídio, em sua maioria, são mulheres negras e de baixa renda”, afirma.
A defensora reforça que, ao perceber os primeiros sinais de abuso, como controle excessivo, ameaças ou agressões verbais e físicas, a mulher deve buscar ajuda imediatamente (veja detalhes mais abaixo, em “onde denunciar?”).
“Você não está sozinha. Você não é culpada pela violência que sofreu. Denunciar é um ato de coragem. A Defensoria está pronta para te acolher, proteger e ajudar a reconstruir sua vida com respeito e responsabilidade. A sua vida importa”, diz.
Dois feminicídios em menos de 24 horas
Suspeito de feminicídio é preso no Lago Norte.
Na manhã desta segunda-feira (19), uma mulher de 33 anos foi morta a facadas pelo ex-companheiro, em Ceilândia. O casal ficou junto por 15 anos e teve três filhos, que estavam em casa no momento do crime.
Segundo a polícia, o homem, de 34 anos, se entregou na 23ª Delegacia de Polícia e disse que agiu por ciúmes, ao ver a ex com outro homem. Eles estavam separados há cerca de um mês.
Na noite de domingo (18), Vanessa da Conceição Gomes, de 32 anos, foi assassinada a facadas pelo companheiro, em Samambaia. Ela tinha sete filhos, sendo o mais novo um bebê de apenas um mês.
O suspeito, Silvoneide Carvalho de Tôrres, de 42 anos, foi preso na madrugada de segunda-feira (19), no Lago Norte (veja o vídeo acima).
Os dois casos estão sendo investigados como feminicídio.
Onde denunciar?
O que é feminicídio?
Pelo número 180, que é gratuito
Pelo site da Ouvidora Nacional dos Direitos Humanos, do Governo Federal
Pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil
Pelo número 190 da Polícia Militar em caso de emergência
Em uma delegacia de polícia, de preferência nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam)
Os Centros de Referência da Mulher dão suporte psicológico, orientação jurídica e acolhimento
Pelo número 129 da Central de Atendimento da Defensoria Pública — com dígito exclusivo para atendimento de mulheres em situação de violência.
Feminicídios em 2025 no DF
5 de janeiro: Ana Moura Virtuoso, na Estrutural;
15 de janeiro: Elaine da Silva Rodrigues, em Planaltina;
24 de fevereiro: Géssica Moreira de Sousa, em Planaltina;
26 de fevereiro: Ana Rosa Brandão, no Cruzeiro;
29 de março: Dayane Barbosa, na Fercal;
31 de março: Maria José Ferreira, no Recanto das Emas;
1º de abril: Marcela Rocha Alencar, no Paranoá;
9 de abril: vítima ainda não identificada, no Park Way (em investigação);
19 de abril: Valdete Silva Barros, no Sol Nascente;
18 de maio: Vanessa da Conceição Gomes, em Samambaia;
19 de maio: vítima não identificada, em Ceilândia.
Em investigação
A Polícia Civil do Distrito Federal ainda investiga a morte de uma mulher encontrada perto de um córrego no Setor de Mansões Park Way, em Brasília, no dia 9 de abril. A vítima estava com um fio amarrado no pescoço.
Casos descartados
Dois casos foram descartados pela Polícia como feminicídio. O primeiro foi a morte de Gilvana de Sousa, de 46 anos, encontrada em uma região de mata entre Taguatinga e Samambaia.
No inicio da investigação, a suspeita era que ela teria sido atingida por uma pedra, ou agredida com pauladas, durante a madrugada. No entanto, segundo a Polícia Civil, a investigação apontou para “eventual morte natural, não subsistindo, até o momento, indícios de morte violenta, muito menos feminicídio”.
O assassinato de Rosimeire Gomes Tavares, de 51 anos, também começou a ser investigado como feminicídio, mas teve a tipificação alterada para homicídio. De acordo com as investigações, o crime foi motivado por constantes brigas entre dois suspeitos e a vítima, que eram vizinhos na Cidade Ocidental, em Goiás.
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