Motociclista luta há 5 anos para provar que teve moto clonada no RJ


Veículo acumulou dezenas de multas e chegou a ser transferido para outra pessoa, sem autorização do proprietário. Detran-RJ diz que o caso está sendo investigado. Motociclista tenta provar há 5 anos que teve moto clonada no RJ
O motociclista Rafael Paiva enfrenta uma batalha para provar que teve a moto clonada. Morador da Taquara, na Zona Oeste do Rio, há 5 anos, ele acumula diversas multas — inclusive fora do estado — e chegou a ser informado de que o veículo havia sido transferido para outra pessoa, sem sua autorização.
“A moto pra mim era um sonho de criança. E quando eu consegui conquistar ela, meu sonho foi por água abaixo.”
A moto usada foi comprada em 2021. Mas dois meses depois, chegou a primeira multa: por excesso de velocidade na Barra da Tijuca. Ele desconfiou da data, do horário e de um detalhe.
“A minha esposa recebeu essa multa e causou até uma desavença porque ela falou: ‘Uma sexta-feira. O que você está fazendo com uma mulher na garupa da moto na Barra?’ Eu falei que não era eu”, lembra Rafael.
“Pra poder me justificar tanto em casa e entender o que tinha acontecido, peguei a multa e mostrei pra minha esposa que as características da moto eram diferentes, que a minha moto possuía bagageiro, e a moto da multa, não.”
Rafael procurou a polícia e contestou a multa.
A Comissão Especial de Análise da Defesa da Autuação, da Secretaria Municipal de Trânsito, verificou o caso e afirmou que a multa foi anulada em fevereiro de 2022. A decisão foi baseada na identificação de indícios de duplicação de placas.
Dois anos depois, Rafael recebeu uma nova infração. Dessa vez, por dirigir sem capacete perto do Terminal Mato Alto, na Zona Oeste. Novamente, ele recorreu à delegacia da área. Segundo ele, a infração também foi anulada.
Rafael Paiva teve a moto clonada
Reprodução/TV Globo
“Eu, pai de três filhos, jamais ia andar com a minha moto sem capacete, correndo risco na minha vida.”
Em março deste ano, vieram mais duas multas, agora por excesso de velocidade. Só que dessa vez elas foram geradas em Pernambuco, a mais de 3.500 km do RJ.
Rafael afirma que, na ocasião, estava em uma viagem de trabalho no Espírito Santo.
Preocupado, ele passou a monitorar informações sobre o veículo.
O caso se agravou em maio, quando Rafael foi surpreendido com uma mensagem do Detran informando que sua moto estava em processo de transferência para o nome de outra pessoa — algo que ele nega ter autorizado.
“Eu vi que foi feita uma transferência de propriedade sem eu sequer ter anunciado, sem eu sequer ter vendido.”
Desde então, o veículo, está parado na garagem. Sem saber mais o que fazer, o motociclista contratou um advogado para tentar resolver a situação.
“A solução para o problema do Rafael é que se gere um novo documento, uma nova placa, um novo Renavam, para que ele tenha um bem livre, se livrando dessa clonagem de que ele foi vítima”, diz o advogado André Tavares.
“A sensação é muito triste, de você ter um sonho e não poder usufruir. A gente batalha, luta, conquista e aí a gente não pode usar. Se a polícia parar, não tenho documento para mostrar”, diz Rafael.
Rafael Paiva teve a moto clonada
Reprodução/TV Globo
O que diz o Detran-RJ
Em nota, o Detran-RJ informou que Rafael comunicou a suspeita de clonagem e, por isso, já está autorizado a fazer a troca da placa do veículo.
O órgão também disse que investiga a transferência indevida e que, caso a clonagem seja comprovada, a comunicação de venda será cancelada.
Ainda segundo o Detran, agentes da Divisão de Anticlonagem fazem buscas para encontrar o veículo com suspeita de clonagem.
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