Nova MBRF vai usar qual ERP?

A Marfrig e a BRF acabam de anunciar que vão fundir suas operações, gerando uma nova empresa chamada MBRF e um problema típico de grandes negócios desse tipo: com que ERP eu vou?Isso porque a Marfrig é usuária do Protheus, um ERP da Totvs voltado para indústria (provavelmente, um dos maiores clientes) e a BRF acaba de começar a um projeto para implementar o S/4, a última versão do ERP da SAP.A nova MBRF é uma empresa com receita anual de R$ 153 bilhões e a expectativa de gerar sinergias (corporativês para corte de custos) de pelo menos R$ 800 milhões/ano.Para atingir as tais sinergias, será necessário unificar ou integrar dados e processos, o que, quase inescapavelmente, deve envolver escolher um ERP único para consolidar compras, finanças, contabilidade e fiscal.Das duas empresas, a que parece estar mais comprometida com o fornecedor é a BRF, que tem um longo histórico com a SAP. A Perdigão, uma das empresas que originou a BRF após a fusão com a Sadia, em 2009, começou a implantar SAP ainda em 1996, sendo oficialmente o primeiro cliente no Brasil.Hoje a BRF é uma referência mundial da multinacional alemã no setor de alimentos e a expectativa é que o projeto de adoção do S/4, a ser concluído ainda neste ano, seja uma vitrine mundial. A Marfrig foi fundada em 2000 e existe menos visibilidade sobre o seu histórico quando o assunto é ERP. A única referência sobre o tema que a reportagem encontrou é um case de um parceiro da Veaam de 2023, no qual é mencionado que a empresa usa Protheus.Provavelmente, o Protheus está na empresa desde o começo e se impôs durante o período no qual a Marfrig fez compras em série no Brasil entre 2006 e 2008, incluindo frigoríficos de menor porte.O Protheus foi lançado oficialmente em 1999, ainda sob a marca da Microsiga, empresa que deu origem à Totvs depois da fusão com a Logocenter em 2006.O ERP é ainda hoje um dos carros chefe da Totvs, com grande presença em médias e grandes indústrias, mas também no agro, no qual um dos seus fortes é a adaptação a regras tributárias específicas no segmento. Vale destacar que a Marfrig faturou R$ 144,2 bilhões em 2024, mais do que o dobro do que a BRF, que ficou em R$ 61,4 bilhões.É uma empresa enorme, que certamente já foi assediada por todos os grandes players de ERP do mercado, mais do que ninguém a SAP, que domina clientes desse porte no Brasil. E ainda assim, ela seguiu com a Totvs.Além disso, na nova MBRF quem deve dar as cartas é a Marfrig. Para viabilizar a fusão, Marcos Molina, fundador e controlador da Marfrig, com 72% do capital, está abrindo mão do controle do negócio, mas ainda assim deve ter 41% da nova empresa, se mantendo como o maior acionista com folga.A Marfrig começou a comprar ações da BRF em 2021, atingindo 30% e o controle acionário indireto já em 2022. Segundo o site Brazil Journal, Molina mexeu na gestão e estratégia da BRF, o ele acredita que teria levado a um aumento de lucratividade de R$ 5 bilhões em três anos.A BRF voltou a distribuir dividendos em 2023, após anos queimando caixa.No final das contas, a pergunta chave para saber qual ERP vai ficar na MBRF é se Molina pode ser convencido a adotar as práticas da gestão BRF.
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