Argentina: imposto zero para celular importado

A Argentina reduziu os impostos sobre celulares importados de 16% para 8% nesta semana e deve zerar a alíquota até o início do ano que vem.

O governo também reduzirá os impostos domésticos sobre eletrônicos importados, ainda que não tenha revelado alíquotas.

As medidas são uma reversão de uma política de fomento da produção local de eletrônicos na Terra do Fogo, no extremo sul do país. 

A proteção gerou uma indústria local, focada principalmente na montagem de produtos de baixa tecnologia para grandes marcas, ao mesmo tempo que deixou o país com os celulares mais caros do mundo.

Assim como no caso do Brasil, isso fica especialmente visível no caso dos iPhones. Alguns celulares da Apple passam de US$ 2 mil na Argentina.

No Brasil, o modelo mais barato do iPhone 16 é oferecido pela Apple em seu site por R$ 7.799 (aproximadamente US$ 1.389), enquanto o mesmo modelo é vendido nos Estados Unidos por US$ 799 (R$ 4.486).

As mudanças nas tarifas podem ser a pá de cal na Terra do Fogo como um centro da indústria eletroeletrônica argentina, não muito diferente da Zona Franca de Manaus no Brasil.

No extremo sul do país, mais perto da Antártica do que de Buenos Aires, a região era escassamente povoada e marcada por disputas de fronteira com o Chile.

Em 1972, quando essas tensões ainda fervilhavam, o governo argentino começou a conceder isenções fiscais às empresas, atraindo nomes como Philips e Hitachi e fazendo a população saltar de 13 mil para cerca de 200 mil hoje. 

A Terra do Fogo teve altos e baixos, dependendo da orientação política do governo de turno. Cristina Kirchner, por exemplo, aumentou mais as tarifas, o que fez inclusive a Positivo passar a fabricar laptops na região por um período. 

Com a explosão do dólar e a recessão, a produção de eletrônicos caiu  cerca de 50% no primeiro semestre do ano passado na comparação com 2023, segundo dados da Associação de Fábricas Argentinas Terminais de Eletrônica, ou AFARTE.

Produzir na região não chega a ser fácil. Os componentes importados chegam em Buenos Aires por meio de navios, e precisam ser transportados de caminhão por 3 mil quilômetros até a Terra do Fogo, para depois voltar para a capital, o centro econômico do país.

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