Análise: “Lula está levando o Brasil para onde?”

Jornalista Madeleine Lacsko:

“A última fala de Lula sobre o conflito em Gaza não é só uma mentira grotesca. É também uma das declarações mais perversas já feitas por um presidente brasileiro em política externa. Ao dizer que Israel está promovendo um genocídio sob pretexto de combater terroristas, Lula repete um dos mais antigos e abjetos libelos antissemitas: o de que judeus matam crianças deliberadamente.

Lula estava na Rússia, foi questionado sobre o conflito na Ucrânia, e resolveu por conta própria inserir Israel e Gaza na conversa. Disse que é um genocídio porque não são dois exércitos, é um exército muito preparado do lado de Israel, matando mulheres e crianças sob o pretexto de matar terroristas. Não mencionou o Hamas. Não falou dos reféns. Não trouxe uma única palavra sobre o ataque de 7 de outubro. Nada. Silêncio total.

É impossível aceitar que um chefe de Estado se refira a um conflito tão complexo com essa simplificação criminosa. Há civis em risco dos dois lados. Há reféns sendo mantidos em cativeiro há meses. Há uma população palestina que sofre, inclusive, sob opressão do Hamas, como mostram os relatos de tortura e repressão dentro de Gaza contra civis que ousam criticar o grupo terrorista. Lula escolheu ignorar tudo isso.

A Conib, Confederação Israelita do Brasil, classificou a fala como antissemita e irresponsável. Em nota oficial, disse: ‘Acusar judeus de matar crianças é uma das formas mais antigas e deploráveis de antissemitismo, e é lamentável e perturbador que o presidente do nosso país siga promovendo este libelo antissemita pelo mundo’.

O Brasil historicamente sempre se orgulhou de ser um país onde judeus e árabes convivem em paz. Sinagogas e mesquitas dividem quarteirões. Comerciantes judeus e árabes são sócios em empresas e parceiros em causas comunitárias. Lula, ao importar essa guerra para cá e ao adotar um discurso tão parcial, tão desonesto e tão violento, rompe com uma tradição de equilíbrio da diplomacia brasileira.

E não é só isso. Lula tem feito do Brasil um pária diplomático. Enquanto líderes democráticos se afastam, ele prefere posar ao lado de ditadores e sanguinários. No último convescote internacional na Rússia, estava cercado de líderes autoritários e ainda ousou dizer que a Europa ‘deveria estar ali’.

O resultado? Nenhuma influência real. Nenhuma capacidade de mediação. Nenhuma contribuição concreta para a paz. Enquanto o Brasil perde relevância, outros países, como os Estados Unidos, seguem fazendo o que Lula prometeu e nunca entregou. Donald Trump anuncia uma viagem ao Catar e, no mesmo dia, um refém é libertado. Lula, há meses, diz que vai falar com o Hamas. Não adiantou nada.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que é crítico feroz de Israel, já pediu a libertação dos reféns e chegou a chamar os líderes do Hamas de ‘filhos de cachorro’. Contrasta com a fala de Lula.

O Brasil está sendo arrastado para a irrelevância internacional por um presidente que não entende o que diz e, pior, não mede as consequências do que fala. Um presidente que joga sua biografia e a reputação do país no lixo em nome de um discurso ideológico tosco, raso e perigoso. E, no final, a pergunta que fica é: Lula está levando o Brasil para onde?

A resposta dá medo.”

 
 
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