Consignado também deu golpe no INSS?

Empresas de crédito consignados a aposentados e pensionistas viraram alvo da Polícia Federal (PF), por supostamente estarem associadas a entidades que fraudavam o INSS com cobranças e descontos indevidos dos beneficiários.

Quebras de sigilos bancários de alguns dos envolvidos mostram pagamentos milionários a empresas que oferecem consignado aos previdenciários. A investigação também aponta contratos de empréstimos com averbação não autorizada.

De acordo com a PF, entidades e associações contratam empresas de empréstimos consignados para embutir, junto ao crédito, os descontos de mensalidades associativas, sem que o beneficiário sequer desconfie.

A investigação mostra que, a cada contratação, a empresa ficava com a primeira mensalidade e 30% das seguintes. Cada beneficiário filiado representava lucro extra para essas empresas.

Em um primeiro momento, segundo o site Metrópoles, a investigação encontrou pagamentos realizados por três entidades ligadas ao empresário Mauricio Camisotti, um dos envolvidos no esquema, de acordo com a PF.

Foram levantados pagamentos de R$ 15 milhões a duas empresas de crédito consignado.

Outras entidades, como a Amar Brasil (ABCB) e a Master Prev, também aparecem na investigação com supostos repasses a empresas de consignado. A PF identificou repasses da ordem de R$ 320 milhões da Amar Brasil para instituições de empréstimos.

Outra parte do desdobramento da investigação, desta vez apontada pela Controladoria-Geral da União (CGU), mostra que um em cada quatro contratos de empréstimos era questionado por fraude ou averbação não autorizada.

As empresas faziam contato com os beneficiários, geralmente por meio de canais digitais, oferecendo empréstimos em um primeiro momento. Quando o cliente recusava, um cartão de crédito era ofertado. Muitas vezes, ao aceitar, o empréstimo era embutido pelo sistema na aquisição.

A CGU entende que há falhas nos controles implementados para empréstimos via sistema, que em muitos casos não são suficientes para assegurar a qualidade da contratação dos créditos consignados, e sugeriu o bloqueio do sistema online para adequações.

Esse bloqueio, solicitado pela CGU desde 2024, esbarrou em um recurso apresentado ao Tribunal de Contas da União (TCU) por Virgílio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador do INSS. Na ocasião, ele alegou que a suspensão do sistema online lotaria as agências do INSS com idosos e pessoas de baixa instrução.

As investigações levaram à queda de Oliveira Filho e de mais cinco servidores da cúpula do INSS. Na última sexta-feira, dia 2, foi a vez do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), pedir demissão, logo após uma conversa com o presidente Lula. Lupi estava no cargo desde janeiro de 2023.

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