Tudo o que se sabe sobre bebê morto durante o parto em Balneário Camboriú

Fotos mostram pai beijando barriga da mãe e ele ao lado do túmulo de bebê morto

Bebê morto no Hospital Municipal Ruth Cardoso se chamaria Ragner – Foto: Edemar Leitemperger/@leitempergerc/Instagram

A morte do bebê durante o parto no Hospital Ruth Cardoso na última sexta-feira (25) ganhou repercussão em Balneário Camboriú.  Além da fatalidade, constatada após horas de trabalho de parto, a mãe do bebê perdeu o útero.

Os pais da criança falaram ao Balanço Geral Itajaí em entrevista que foi ao ar nesta segunda-feira (28) e a prefeitura, assim como a prefeita Juliana Pavan, também já se manifestaram sobre o caso. O laudo que apontará a causa da morte do bebê, porém, ainda não foi emitido.

O ND Mais preparou um compilado com todas as informações que se sabe sobre o caso e uma linha do tempo com os fatos narrados pelo casal. Acompanhe:

Bebê morto em Balneário Camboriú: linha do tempo

Dayla Fernanda Pedroso Ramos e Edemar da Silva Leitemperger aguardavam ansiosos a chegada do pequeno Ragner. O terceiro filho do casal vinha após Dayla já ter passado por um aborto com complicações no mesmo hospital em 2023.

Imagem mostra frame da entrevista dada pelos pais do bebê morto ao Balanço Geral

Pais de bebê contam terror que passaram no Ruth Cardoso antes de bebê morrer em hospital de Balneário Camboriú – Foto: Júlio Portes/NDTV

  1. Na manhã da última sexta-feira, Dayla e o marido foram ao Hospital Ruth Cardoso. Ela foi internada por volta das 12h, já com contrações;
  2. Por volta de 18h30, as dores aumentaram significativamente, e ela pediu ao médico para ser levada para uma cesárea. Ele teria negado o pedido, afirmando que o parto seria normal porque o bebê estava de cabeça para baixo, e estourado a bolsa da paciente;
  3. Das 18h30 às 21h00, aproximadamente, Dayla relata ter sentido fortes dores e “jorrado sangue”;
  4. Entre 21h30 e 22h, a equipe de enfermagem fez um toque onde verificaram que Dayla estava em trabalho de parto. O médico foi chamado, mas, segundo o relato, não apareceu;
  5. Neste momento, o marido viu a situação de Dayla e percebido que o filho estava “entalado e roxo”. Segundo a família, o bebê já estava sem batimentos cardíacos;
  6. Dayla é encaminhada para a cesárea. Outro médico assumiu o comando da cirurgia. Durante a operação, foi necessário retirar o útero de Dayla.
  7. Ainda no hospital, o pai do bebê filmou parte dos procedimentos, mostrando as tentativas de reanimação do bebê. Porém, já era tarde demais. Segundo Edemar, o bebê teria sido retirado da barriga da mãe já sem vida.

“Eu só estou viva porque Deus permitiu. Meu marido não pôde entrar para me acompanhar. Só depois de tudo, quando o bebê já estava morto, é que me encaminharam para uma cesariana”, lamenta Dayla.

As imagens gravadas pelo pai são extremamente fortes, mostrando Dayla na maca, sem roupas, e o bebê sem vida. Por envolver uma situação de extrema vulnerabilidade, o Grupo ND optou por não divulgar as cenas.

Edemar também fez uma postagem ao lado do túmulo da criança, sepultada na tarde deste domingo (27). No vídeo, ele agradece a assistência recebida do Município após o ocorrido e pede por justiça.

“Não vou descansar enquanto os responsáveis pela morte do meu filho não pagarem. Se isso não parar, vai continuar acontecendo com as outras mães que estão lá para ter os filhos”, diz.

Medidas tomadas pela Prefeitura de Balneário Camboriú

Em nota, a prefeitura de Balneário Camboriú informou que acompanha atentamente os desdobramentos do caso do bebê morto no Hospital Municipal Ruth Cardoso. Segundo a prefeitura, a mãe recebeu todos os cuidados e se recupera bem.

“O médico é de uma empresa terceirizada, essa empresa também recebeu uma notificação e estamos dando os encaminhamentos. O fato está sendo acompanhado pela nossa Comissão de Óbito, Comitê de Ética e também foi aberta uma sindicância”, aponta a secretária de Saúde, Aline Leal.

Juliana Pavan (PSD) e o vice, Nilson Probst (MDB), tomaram ciência do caso nas primeiras horas da madrugada de sábado (26) e foram até o hospital prestar solidariedade à família, buscar informações precisas e cobrar apuração rigorosa.

Entre as medidas adotadas estão:

  • Afastamento cautelar do médico obstetra responsável;
  • Abertura de sindicância interna para investigar as circunstâncias do óbito;
  • Instalação da Comissão de Óbito para análise sistemática do evento;
  • Ativação do Comitê de Ética, que investiga se houve falhas nas práticas assistenciais;
  • Disponibilização do prontuário médico à família;
  • Encaminhamento ao SVO (Serviço de Verificação de Óbitos) para elaboração de laudo técnico;
  • Notificação da empresa terceirizada que emprega o médico;
  • Determinação de prazo de 72 horas para entrega de parecer técnico sobre o caso.

A secretária de Saúde de Balneário Camboriú informou ainda que a rede Alyne está envolvida na investigação para reforçar a segurança materno-infantil e revisar fluxos e procedimentos.

Assista à entrevista completa:

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