Onça que matou caseiro no pantanal é capturada

Foi capturada na madrugada desta quinta-feira (24) a onça-pintada que atacou e matou o caseiro Jorge Avalo, 60, às margens do rio Miranda, em Aquidauana, no pantanal. A ação contou com equipes da Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul.

O animal é um macho de 94 kg e está sendo transportado para o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, para fazer exames.

O homem foi atacado no pesqueiro em que trabalhava. Os restos mortais foram localizados, com a ajuda de familiares da vítima, em uma área de mata fechada, a cerca de 300 metros do pesqueiro, na terça-feira (22). As marcas encontradas indicam que o caseiro foi arrastado.

Avalo era procurado desde segunda-feira (21), quando compradores foram até o local onde fica o pesqueiro, conhecido como Barra do Touro Morto, e encontraram sangue e marcas de pegadas do animal.

Vídeo publicado pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro) em julho de 2020 alertava sobre a prática da “ceva” na região em que o caseiro foi atacado, tendo como exemplo uma onça-pintada que teve seu comportamento natural alterado. A ceva acontece quando pessoas alimentam os felinos ou outros animais para facilitar a sua visualização e exposição, de forma que ele sempre se aproxime.

A ação, conforme nota do instituto, traz alto risco para a comunidade ribeirinha, já que o animal deixa de caçar, passando a associar o ser humano com comida. Há uma placa, instalada pela Polícia Militar Ambiental, que alerta sobre o perigo da prática da ceva na região.

Em vídeo gravado por um familiar uma semana antes de morrer, o caseiro mostra pegadas de duas onças nas proximidades da casa em que morava e relata uma suposta briga entre os dois animais. O tamanho e a profundidade das marcas na terra chamam a atenção dos homens.

A equipe de buscas também foi atacada no momento em que recolhia as partes do corpo da vítima. Um dos socorristas sofreu ferimentos na mão.

Segundo o biólogo Gustavo Figueirôa, diretor do SOS Pantanal, a onça-pintada não é um animal considerado perigoso para os seres humanos. “É um felino reservado, que evita o contato com as pessoas e não apresenta ameaça direta quando não há uma provocação ou interferência humana”.

De acordo com ele, os casos de ataques não provocados por interferência humana são muito raros.

Entre as possibilidades para o comportamento agressivo do animal estão:

– a escassez de alimentos na região;
– uma reação de defesa diante de um encontro inesperado com a vítima;
– a influência do período reprodutivo;
– alguma atitude do caseiro que tenha assustado a onça-pintada.

Segundo o zootecnista Luiz Pires, especialista em manejo da fauna selvagem e educação ambiental, a destruição dos ambientes desses animais provoca a diminuição da oferta de alimentos naturais e faz com que eles se aproximem mais das áreas habitadas à procura de presas – galinhas, porcos, carneiros, bezerros, cavalos, etc.

Isso torna cada vez mais frequentes os avistamentos e encontros com onças-pintadas.
Pires alertou também para a oferta de alimentos para as onças-pintadas, a “ceva”, que é usada para atraí-las, observá-las e fotografá-las, muitas vezes com o objetivo de publicação nas redes sociais.

“Infelizmente, muitos empreendimentos são erroneamente construídos nas áreas de preservação ambiental, locais de passagem constante desses animais em busca de suas presas”, diz. “Assim, acidentes que antes eram raríssimos só aumentam, uma vez que o homem antes era temido e agora passa a fazer parte da paisagem natural desses animais”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.