Hormônios: aliados da saúde ou riscos silenciosos?

Os hormônios são substâncias essenciais para a regulação de funções vitais do
organismo — como metabolismo, sono, apetite, fertilidade e saúde mental.

Entretanto, o uso indevido, sem critérios clínicos claros ou acompanhamento médico
adequado, tem crescido de forma preocupante nos últimos anos.

Segundo o médico Dr. Djairo Araújo, com atuação nas áreas de nutrologia e medicina
esportiva, o equilíbrio hormonal é um pilar da saúde metabólica e funcional. Porém,
quando há uso sem indicação e sem exames que embasem a conduta, os riscos podem superar os benefícios.

O que é equilíbrio hormonal — e por que ele importa?

Desequilíbrios hormonais podem ocorrer naturalmente com o passar do tempo,
especialmente em fases como menopausa, envelhecimento masculino ou após
períodos de estresse intenso. No entanto, nem todo sintoma exige reposição
hormonal.

“O grande erro está em associar qualquer cansaço, queda de libido ou dificuldade
para emagrecer a um suposto ‘desbalanço hormonal’, e sair prescrevendo hormônios
sem critério. É preciso avaliar sinais clínicos, histórico pessoal e exames laboratoriais
antes de qualquer conduta”, alerta Djairo.

Implantes hormonais e chips da beleza: o que diz a Anvisa?

A Anvisa proibiu recentemente a manipulação e comercialização de implantes hormonais com substâncias como gestrinona, gestradiol e testosterona,
especialmente quando não há indicação terapêutica devidamente registrada.

De acordo com a agência, os riscos relacionados a esse tipo de uso envolvem desde efeitos colaterais severos até descontrole hormonal, irregularidades menstruais, alterações hepáticas e cardiovasculares.

“O uso de implantes hormonais para fins estéticos, como os chamados ‘chips da
beleza’, não tem respaldo das sociedades médicas e pode comprometer a saúde física
e emocional do paciente”, enfatiza o médico.

Esteroides anabolizantes: riscos ainda subestimados

A utilização de esteroides anabolizantes sem prescrição médica, especialmente no
contexto de academias, tem sido motivo de alerta por parte de Sociedades Médicas,
como a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e o CFM
(Conselho Federal de Medicina).

“O uso recreativo ou com fins estéticos desses hormônios pode causar infertilidade,
aumento do risco cardiovascular, hipertrofia cardíaca, alterações psiquiátricas e
hepatotoxicidade. E pior: o paciente nem sempre percebe que está correndo perigo”,
pontua Dr. Djairo.

Hormônios tireoidianos: o risco do uso off-label

Os hormônios da tireoide (T3 e T4) têm sido indevidamente utilizados para acelerar o
metabolismo e favorecer a perda de peso. Esse uso fora da indicação médica éperigoso, podendo gerar arritmias, perda de massa muscular, osteopenia e sobrecarga cardíaca.

“É fundamental esclarecer que hormônio tireoidiano só deve ser utilizado em casos de hipotireoidismo ou disfunções confirmadas por exames. Usar para emagrecer pode causar danos irreversíveis”, reforça o especialista.

Equilíbrio, ciência e responsabilidade

A reposição hormonal deve ser pautada por evidências, cautela e individualização. A
automedicação, a busca por resultados rápidos e o marketing exagerado colocam a
saúde de muitas pessoas em risco.

Por fim, o Dr. Djairo Araújo afirma que a medicina baseada em evidências não nega
os benefícios dos hormônios, mas exige responsabilidade. “Hormônio é uma terapia
séria — não um modismo”.

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