Câncer se espalhou e ex-presidente do Uruguai sabe que vai morrer: ‘Estou condenado’

José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, declarou em entrevista ao jornal local “Búsqueda” que não recorrerá a novos tratamentos para o câncer no esôfago, descoberto no início de 2024. A declaração foi dada no dia 09/01.
Mujica, 89, afirmou que o câncer se espalhou para o fígado e causou comoção ao afirmar que está morrendo. “Estou condenado, irmão. É até aqui que vou”.
Quando o câncer foi descoberto, Mujica submeteu-se a sessões de radioterapia e precisou ser internado porque sofre de uma doença autoimune. Após uma cirurgia, os médicos disseram que o tumor estava sob controle. No entanto, agora foi detectada a metástase.
Na entrevista, o líder uruguaio disse ser grato pela vida e que pretende dedicar o tempo que lhe resta aos cuidados com seu sítio, em Rincón del Cerro, a cerca de 10 km de Montevidéu, capital do país.
“A vida é uma bela aventura e um milagre. Estamos muito focados na riqueza e não na felicidade. Estamos focados apenas em fazer as coisas e, antes que você perceba, a vida já passou”, pontuou.
Em 2020, Mujica aposentou-se da política ao se retirar do Senado Federal, mas continuou ativo e engajou-se na eleição do correligionário e discípulo Yamandú Orsi para a presidência uruguaia.
Nascido em 20/05/1935 em Montevidéu, Mujica é um dos nomes mais conhecidos da política uruguaia. Ele tornou-se famoso internacionalmente por levar uma vida simples e por promover medidas inclusivas.
Durante a ditadura militar do Uruguai, entre 1973 e 1985, Mujica fez parte do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros.
Nesse período, ele atuou em operações de guerrilha do grupo,atuando em assaltos e sequestros. Ele chegou a levar seis tiros em confrontos com as forças do estado.
No período de atuação clandestina, Mujica foi preso diversas vezes. No cárcere, foi submetido a sessões de tortura e, no total, ficou detido por 15 anos.
Em 1985, deixou a cadeia beneficiado por decreto de anistia para os presos políticos do regime militar.
Anos depois da redemocratização do pequeno país sul-americano, Mujica foi um dos fundadores do MPP (Movimiento de Participación Popular). Em 1994, elegeu-se deputado por Montevidéu e, cinco anos mais tarde, conquistou cadeira no Senado pela primeira vez.
Entre 2010 e 2015, ele ocupou a presidência da República Oriental do Uruguai, sendo sucedido pelo aliado Tabaré Vázquez.
Durante seus mandatos, o político de esquerda promoveu reformas progressistas, com a aprovação de leis que chamaram a atenção do mundo para o país de pouco mais de 3 milhões de habitantes.
Em seu governo, foram aprovadas legislações como a que autorizou o aborto em qualquer circunstância até a 12ª semana de gestação e a que permitiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Foi no governo de José Mujica que o Uruguai ficou conhecido como o primeiro país do mundo a legalizar cultivo, venda e consumo de cannabis.
Em 2013, a revista britânica “The Economist” escolheu o Uruguai país do ano pelas medidas inovadoras tomadas no governo Mujica.

Mujica também ficou conhecido como o “presidente mais pobre do mundo”, por doar quase todo o salário para seu partido e a uma frente de auxílio para moradias. Ele não quis morar no palácio presidencial e seguiu em sua chácara.

Após deixar a presidência, Mujica foi eleito para o Senado em dois pleitos consecutivos. Quando renunciou ao mandato, em 2020, ele disse que a pandemia de Covid-19 tinha influenciado a decisão.
Mujica é casado com Lucía Topolansky, também ex-militante. A união foi oficializada somente em 2005, mas eles estão juntos desde os anos 70. Eles não tiveram filhos.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.