FED errou? Especialistas divergem sobre corte da autoridade monetária dos EUA

FED errou? Especialistas divergem sobre corte da autoridade monetária dos EUA

O Federal Reserve (FED) avalia os impactos das políticas econômicas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto o mercado tenta antecipar os efeitos das medidas tarifárias. Segundo especialistas, o cenário gera incertezas para a política monetária do banco central americano.

Jerome Powell, presidente do FED, adota uma postura cautelosa e evita comentários diretos sobre as medidas econômicas de Trump. “O banco central deve agir com base nos efeitos concretos das políticas, não em especulações”, afirmou Powell. A hesitação do Fed reflete a dificuldade em mensurar os impactos exatos dessas medidas, especialmente no que se refere à inflação e às expectativas do mercado.

Fed errou o timing no início do ciclo de afrouxamento monetário?

Segundo análise de Vandyck Silveira, economista, com a economia dos EUA tão aquecida como está , não há a menor chance da taxa de juros baixar mais. Para ele, o FED errou ao dar um corte inicial de 0.5%. “Eu deixaria onde está para tentar desacelerar, não conseguindo fazer a inflação convergir a 2% / 2.5% em 8/10 meses, não tem outra alternativa se não elevação da taxa de juros”, explicou.

Entretanto, Silveira não é o único a discordar da decisão do Fed. As políticas tarifárias de Trump criam um ambiente de risco para a inflação. Segundo analistas, o aumento de tarifas sobre importações pode gerar uma “assimetria altista” nas expectativas inflacionárias. “Ou as tarifas permanecem nos níveis atuais, sem impacto na inflação, ou criam um ambiente de preços elevados”, destacou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Essa dinâmica pode levar a uma reação do FED, que monitora o movimento dos preços e as projeções do mercado. “Se o mercado precifica a inflação para cima, mesmo que marginalmente, cria-se um efeito autorrealizável, pressionando o banco central a intervir”, explicou Étore.

“Em política monetária, subimos com força a agressividade para dar um choque no mercado, sem telegrafar , mas para baixar , a não ser em casos especiais como uma recessão ou um choque exógeno , baixamos com calma no conta-gotas. Powell é um dos, se não o, pior presidente do FED na história”, destacou Vandyck Silveira.

Mesmo assim, há quem acredite que o Fed fez o que precisava fazer. Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, faz parte do cenário algumas altas pontuais de inflação e que provavelmente o Fed deve ter calculado bem o cenário antes da sua decisão. “O índice não fica totalmente nos 2% turante os 12 meses do ano”, explica.

Trump usa tarifas como ferramenta de negociação

O governo Trump já demonstrou flexibilidade na implementação das tarifas, sugerindo que as medidas podem ser usadas como estratégia de negociação. O adiamento de tarifas após diálogos com México e Canadá reforça essa tese. “Trump tem se mostrado aberto a ajustes conforme as condições se desenham”, analisou o economista-chefe da Ativa Investimentos. .

Especialistas apontam que a estratégia pode se expandir para outros países, incluindo o Brasil. “Se houver uma exigência política ou geopolítica, como contrapartida para isenções tarifárias, o impacto pode ser ainda maior”, afirmou.

As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos também entram na equação das políticas tarifárias. “Os EUA precisam do nosso aço, mas o Brasil precisa garantir uma posição estratégica nas negociações”, alertou Sanchez.

Caso o governo americano condicione isenções tarifárias a exigências políticas ou militares, o Brasil pode enfrentar desafios adicionais. “O Brasil precisa correr à frente nessas negociações para garantir estabilidade na balança comercial”, ressaltou o economista-chefe.

Expectativas do mercado seguem incertas

O cenário econômico global continua incerto à medida que o mercado avalia os próximos passos do FED e as decisões comerciais do governo Trump. Investidores acompanham as sinalizações do banco central para entender se haverá ajustes na política monetária.

“O FED precisa equilibrar o controle da inflação e o crescimento econômico, sem antecipar decisões baseadas apenas em projeções políticas”, concluiu Étore Sanchez.


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